Ensino superior: Um em cada cinco alunos procuram apoio psicológico já pensou no suicídio

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Os técnicos revelam ainda que os alunos de medicina, artes e engenharias são os que mais pensam em suicídio Miguel Silva/PÚBLICO

Um em cada cinco dos estudantes do ensino superior que procuram apoio psicológico já pensou matar-se, uma tendência que se agrava na época dos exames, revela um estudo citado hoje pelo "Diário de Notícias".

O estudo, realizado por técnicos que prestam ajuda psicológica a estudantes a partir de dados recolhidos junto de um grupo escolar do Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, concluiu que 20 por cento dos alunos que recorrem a ajuda já pensou em suicidar-se, uma percentagem que está de acordo com as estatísticas internacionais, revela o DN.

De acordo com psicólogos de grupos de apoio a estudantes de várias instituições do país, consultados pelo diário, "são vários os estudos e as estatísticas que provam que os homens se matam mais que as mulheres".

"Contudo, estas fazem mais tentativas", acrescentam, concluindo que "os homens usam meios mais efectivos para consumar o acto".

Os técnicos revelam ainda que os alunos de medicina, artes e engenharias são os que mais pensam em matar-se e sublinham a inexistência de dados estatísticos sobre os suicídios que ocorrem no ensino superior.

"Este é um dado que não interessa a ninguém, muito menos às instituições", sublinha Isabel Gonçalves, responsável pelo Serviço do Aconselhamento Psicológico (SAP) do IST.

"As famílias tendem a esconder a situação porque se sentem culpabilizadas e envergonhadas", salienta, por outro lado, Adelaide Telles, do serviço de apoio psicológico da Reitoria da Universidade do Porto.

Entre os principais factores de risco, os responsáveis pelo apoio psicológico citam "estar longe de casa, dificuldades de adaptação e competitividade dos cursos".

Os maus resultados académicos e a alta competitividade entre os alunos conduzem muitas vezes ao isolamento e a comportamentos de risco, "em que a droga ou a bebida surgem como escape".

O estudo intenso "não os deixa ter uma vida social muito interessante e as relações de amizade dentro da turma são difíceis por causa da competitividade", explica Adelaide Telles.

Por outro lado, o meio é muitas vezes mais impessoal do que no secundário e as relações com os professores são mais distantes, salientam os técnicos.

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