Duran Duran: memórias resgatadas

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Os Duran Duran não tocavam em Portugal há 22 anos DR

Foi tempo demais. Há 22 anos que Portugal não via os Duran Duran. A maior parte das pessoas que ontem à noite esgotaram o Coliseu de Lisboa nunca os tinha visto. Quando se sacia uma sede tão grande, o resultado só pode ser este: uma enorme celebração. E uma inesquecível viagem no tempo. Aos anos 80, claro está.

Os "fab five" Simon LeBon, Nick Rhodes, John Taylor, Andy Taylor e Roger Taylor nada fizeram para impedir essa viagem. Apesar de terem em mão um novo álbum, "Astronaut" – o primeiro que gravaram juntos desde "Seven and the Ragged Tiger", 1983 –, pouco dele exibiram. As duas horas de concerto serviram, isso sim, para despejar êxitos atrás de êxitos.

Foi um verdadeiro bálsamo para os fãs, mas também para os menos fãs, aqueles que viveram a adolescência nos anos 80 e não escaparam à febre vinda de Inglaterra. À saída, os comentários eram de nostalgia. A acompanhá-los, sorrisos mata-saudades, de quem através destas músicas recorda muito mais. Momentos.

E os troféus para melhores momentos da noite vão direitinhos para... o público. A plateia foi implacável com Simon LeBon. Raras vezes se ouviu plenamente o vocalista, totalmente abafado por uma voz colectiva que em momento nenhum deixou de se ouvir. Metade de "Save a prayer", LeBon nem cantou – deu a palavra ao Coliseu.

Os Duran Duran começaram tranquilos, com gestos quase ternurentos, a absorver a entrega que lhes chegava dos milhares à sua frente. Arrancaram com "Sunrise" e seguiram por temas infalíveis como "Hungry like the wolf", "Come undone", "What happens tomorrow", "Sound of thunder" ou "Ordinary world". Momento de viragem: "No-no-notorious!" A partir daqui, Le Bon assume ainda mais a pose "anos-80-para-concerto-de-estádio", à mistura com jeitos de "sex symbol". Contado, pode parecer piroso. Aqui, faz todo o sentido.

A partir deste momento, é o à-vontade geral: Simon LeBon com um cachecol de Portugal, os comparsas apresentados um a um, uma fã carregada em braços pelo vocalista para o palco (e que bem que Eva apresentou LeBon), aparições como "We are family" e "Groove is in the heart" no meio das canções, o encore da praxe depois de "Wild boys" e um final em êxtase com "Rio". Havia uma banda que dizia "nice boys don't play rock n’ roll". "Wild boys do", acrescentamos nós. Mesmo que vivam do passado.

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