O Fardo do Amor

Permanece em Roger Michell, desde "A Mãe", a vontade de filmar a violência dos sentimentos - aqui fá-lo com a ajuda do romance de Ian McEwan. Há duas personagens que se confrontam, como se uma (a de Rhys Ifans) fosse o fantasma da outra (Daniel Craig) - e das obsessões da outra. Se quisermos simplificar diríamos que para Craig as pessoas complicam tudo, porque a vida resumese, afinal, a impulsos; Rhys Ifans é aquele que, vindo do lado da loucura, confronta o primeiro com a desordem dos sentimentos. Diríamos, simplificando ainda mais, que Michell aceita o risco de filmar do lado de Rhys Ifans, o que é o mais difícil de fazer. O resultado é incontinência poética: desfile de sinais premonitórios, metáforas demonstrativas, etc - a excepção é a sequência inicial, a do balão, de que o filme nunca está mais à altura.

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