O Presidente da República, Jorge Sampaio, chega hoje a Roma para a sua primeira visita oficial a Itália, que incluirá uma audiência papal, na qual serão recebidos o Presidente e a sua mulher, Maria José Rita.

Há sete anos, na preparação de uma visita que chegou a estar pensada para o dia 27 de Maio de 1997, os serviços de protocolo do Vaticano fizeram a proposta de que Maria José Rita ficasse numa sala à espera e só entrasse na audiência quando a restante comitiva o fizesse. Ou seja, não participaria na parte inicial em que o Papa recebe o Presidente, só entraria passados 15 ou 20 minutos para assistir à troca de presentes. A proposta devia-se ao facto de Sampaio ser divorciado de um primeiro casamento e, portanto, casado com Maria José Rita em segundas núpcias.

Na altura, Sampaio rejeitou a hipótese de ser recebido sem a mulher e a visita ficou adiada. Hoje este é considerado "um assunto ultrapassado" na Presidência da República, que garante não haver qualquer problema protocolar. Aliás, os serviços da Presidência preferem não falar do assunto, optando por considerá-lo um "empolamento".

O incidente motivou, na ocasião, comentários da Conferência Episcopal Portuguesa, com o então porta-voz, Januário Torgal Ferreira, a criticar o protocolo do Vaticano e a dizer que as regras da Santa Sé "só podem ser as regras do evangelho: a tolerância e a justiça".

O Presidente e a mulher serão recebidos por João Paulo II na sexta-feira, naquele que será o terceiro encontro de Sampaio com o Papa: o primeiro foi em 1992, na condição de presidente da Câmara de Lisboa, e o segundo foi em 2000, quando recebeu, com Maria José Rita, o Papa no Aeroporto de Figo Maduro.

O programa do Presidente português em Itália só começa amanhã, com o encontro com o Presidente italiano, Carlo Ciampi. Segue-se um encontro com o presidente do Senado e uma visita à Câmara de Roma. O programa de quarta-feira começa com um pequeno-almoço de Sampaio com o presidente da Confindustria (associação dos patrões italianos), Luca de Montezemolo, a que se seguirá um almoço com o primeiro-ministro, Sílvio Berlusconi. Nesse dia, Sampaio fará uma conferência sobre a Europa.

Já na quinta-feira, Jorge Sampaio vai a Milão, onde, depois de reuniões com as autoridades da Lombardia, inaugura a exposição "1990/2004 - Arquitectura e Design de Portugal".

Na sexta-feira terá, então, lugar a audiência papal, habitual sempre que um chefe de Estado está de visita oficial a Itália. Sampaio ainda ficará naquele país durante o fim-de-semana, mas em visita particular a Nápoles a convite de Carlo Ciampi, que também fez questão que o Presidente português ficasse instalado no Palácio do Quirinale, sede da Presidência italiana.

Sampaio leva a Itália uma comitiva reduzida. Além dos comissários da exposição de Milão, vai um conjunto de empresários escolhidos a dedo: Filipe Botton (Logoplaste), Américo Amorim (Grupo Amorim), Ricardo Espírito Santo Salgado (Grupo BES) e Jardim Gonçalves (grupo BCP). Vão ainda o vice-presidente do Icep, Diogo Tavares, e o presidente da Cotec, Murteira Nabo.