Ossétia do Norte: forças russas dão por concluídas operações em Beslan

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Segundo o último balanço, 95 pessoas morreram e mais de 600 ficaram feridas durante o assalto Serguei Dolzhenko/EPA

As forças russas deram por concluída as operações armadas em Beslan, na Ossétia do Norte, após várias horas de combates com o grupo armado que quarta-feira sequestrou centenas de pessoas na escola local. Quatro dos sequestradores conseguiram, contudo, fugir.

“A resistência dos combatentes foi completamente esmagada”, anunciou a célula de crise montada em Beslan, citada pela agência russa Itar-Tass, garantindo que três sequestradores foram detidos, enquanto que os corpos de outros oito foram descobertos no interior da escola. Ao início da tarde, as autoridades já tinham confirmado a morte de 20 membros do comando, garantindo que dez deles tinham origem árabe.

Apesar do triunfalismo da declaração, a célula de crise admite que as forças de segurança continuam à procura de quatro sequestradores que terão conseguido fugir do local. Acredita-se que entre eles poderá estar o chefe do comando, um rebelde pró-tchetcheno da vizinha Inguchétia que as autoridades russas pensavam ter morto no ano passado noutra operação.

Pouco antes deste balanço oficial, o general Viktor Sobolev, comandante da 58º Brigada do Exército russo, envolvida no assalto lançado esta manhã, garantiu à televisão russa NTV que “quase todos os membros do comando foram liquidados” e “alguns deles foram presos”.

Ao início da tarde, as autoridades russas anunciaram que todos os reféns tinham sido libertados, mas horas depois, Valeri Andreiev, chefe dos serviços secretos russos (FSB, ex-KGB) na Ossétia do Norte, explicava aos jornalistas que havia ainda alguns reféns em poder de um pequeno número de sequestradores que continuava a resistir em alguns pontos da cidade. As autoridades não fizeram qualquer menção sobre a sorte destes reféns.

Dez horas após o assalto – aparentemente precipitado por incidentes ainda não completamente explicados dentro da escola – já não se ouvem disparos em Beslan, mas as várias forças de segurança destacadas para o local continuam a patrulhar a cidade.

Balanço oficial aproxima-se dos cem mortos

Segundo a célula de crise, foram identificadas até ao momento 95 vítimas mortais, tendo sido hospitalizadas um total de 556 feridos, 332 dos quais crianças. Por seu lado, o Ministério das Situações de Emergência russo garante ter contabilizado 646 feridos, com diferentes graus de gravidades, 227 dos quais crianças.

As autoridades admitem, porém, que o número de vítimas mortais possa aumentar nas próximas horas, já que se teme que continuem muitos corpos no interior da escola. Esta tarde, um conselheiro do Presidente Vladimir Putin admitia que “o número de pessoas mortas neste acto terrorista em Beslan poderá ultrapassar as 150”.

Segundo a agência Itar-Tass, calcula-se que 1200 pessoas estivessem dentro da escola no momento do sequestro, 70 por cento das quais crianças.

Horas de pânico em Beslan

Uma fonte do FSB (ex-KGB, serviços secretos), citada pela Interfax, garante que as autoridades não tinham planeado lançar um raide, mas tudo se terá precipitado quando o grupo armado começou a disparar contra um grupo de crianças que tentaram fugir, aproveitando a entrada na escola de elementos dos serviços de emergência que tinham sido autorizados a recolher cadáveres de pessoas mortas na quarta-feira.

No caos que se seguiu, dezenas de reféns, na sua maioria crianças, muitas sem roupa e ensanguentadas, foram evacuadas do edifício pelas forças especiais e transportadas para os hospitais da região.

O assalto pôs fim a um sequestro que se prolongava há mais de 48 horas. Um comando armado, composto por um número indeterminado de homens e mulheres, entrou quarta-feira de manhã na escola de Beslan, onde centenas de crianças, acompanhadas por pais e professores participavam nas cerimónias do início do ano escolar. Na confusão que se seguiu cerca de 50 pessoas, na sua maioria crianças, conseguiram fugir, mas pelo menos sete pessoas foram mortas.

Ontem, os sequestradores libertaram 26 mulheres e crianças, mas recusaram deixar entrar na escola medicamentos, água e alimentos para os reféns, o que estava a tornar insustentável a situação no local.

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