"Velha Ponte" de Mostar reaberta 11 anos depois

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A "Velha Ponte" (Stari Most) foi construída com 456 blocos de pedra e concluída em 1566 pelo arquitecto Otomano Mimar Hajrudin Tom Dubravec/EPA

Onze anos após a sua destruição pelas forças croatas, que então combatiam na cidade as milícias muçulmanas rivais, a velha ponte de Mostar, um dos mais pujantes símbolos históricos da Bósnia-Herzegovina, voltou a reemergir sobre o rio Neretva. A reabertura oficial de um monumento declarado património mundial pela UNESCO mereceu a presença de inúmeras personalidades internacionais e delegações de países da região.

À semelhança de Sarajevo, Mostar tornou-se no símbolo do irredentismo que destruiu a antiga Jugoslávia federal. E quando a última pedra se afundou no rio estava simbolicamente a impor-se a divisão entre povos que durante séculos tinham partilhado um espaço comum. A cerimónia oficial, assinalada na tarde de ontem, pretende simbolizar o regresso do convívio interétnico, que ainda permanece uma miragem.

A "Velha Ponte" (Stari Most) foi construída com 456 blocos de pedra e concluída em 1566 pelo arquitecto Otomano Mimar Hajrudin, às ordens do Sultão Suleimão o Magnífico, para celebrar os 100 anos da conquista desta região dos Balcãs pelas forças da Sublime Porta, então um Exército invencível e que progredia em direcção às fronteiras do Império católico dos Habsburgos.

Discípulo de Mimar Sinan, o maior arquitecto Otomano e que desenhou as mais belas mesquitas de Istambul, diz-se que Hajrudin fugiu antes de assistir à conclusão dos trabalhos. O Sultão terá ameaçado executá-lo caso a ponte ruísse quando fossem retirados os suportes. Mas o seu famoso arco único em forma de Lua, que tocava nas duas torres situadas nas margens do Neretva, acabou por resistir mais de 400 anos. Soçobrou face aos tanques croatas em Novembro de 1993, e as águas límpidas de esmeralda engoliram as poderosas pedras. Pacientemente recuperadas, exibem de novo o seu esplendor.

Na sequência da "paz de Dayton" concluída em 1995, Mostar passou a ser governada por uma "administração multiétnica", apesar de na prática permanecer dividida entre o sector croata e o sector muçulmano. Dos cerca de 20 por cento de sérvios que viviam na cidade, expulsos logo no início do conflito na Primavera de 1992, muitos poucos optaram por regressar.

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