Ronald Reagan lembrado pelos líderes do mundo

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Reagan assumiu a Presidência dos EUA entre 1981 e 1989 J. David Ake/EPA

Alguns dos principais líderes da comunidade internacional apresentaram já a sua homenagem ao antigo Presidente norte-americano Ronald Reagan, que ontem morreu, aos 93 anos, depois de dez anos de luta contra a doença de Alzheimer.

Depois do actual Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ter sublinhado que graças à liderança de Reagan, "o mundo abandonou uma era de medo e tirania" e do primeiro-ministro português, Durão Barroso, ter classificando o ex-chefe de Estado como "uma das grandes personalidades" do século XX, outros altos responsáveis prestaram as suas condolências e homenagem à família do Presidente que ganhou a guerra fria.

O antigo chefe de Estado norte-americano, George Bush, pai do actual líder na Casa Branca, lembrou a "personalidade inabalável" de Reagan. "Ronnie manteve os seus princípios, o que é muito importante, e provou ser um forte líder pelo que acreditava", recordou Bush, salientando ainda a "decência, a bondade e o excelente sentido de humor" do seu antecessor na Presidência dos Estados Unidos.

Por sua vez, Bill Clinton e a sua mulher Hillary, ex-chefe de Estado norte-americano e actual senadora, respectivamente, classificaram Reagan como "um norte-americano verdadeiramente original". "Hillary e eu reordaremos sempre o Presidente Ronald Reagan pela forma como personificou o indomável optimismo do povo americano e por manter a América na liderança da luta pela liberdade".

Do Reino Unido, chegaram as palavras do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que realçou o papel do antigo Presidente na política interna e externa. "Em casa, a sua visão e liderança restaurou a confiança nacional e produziu algumas alterações significativas às políticas dos Estados Unidos, enquanto fora as negociações para os acordos de controlo de armas no seu segundo mandato e a sua procura por relações mais estáveis com a União Soviética ajudaram a alcançar o final da guerra fria", afirmou Blair.

Também de Londres, fizeram-se ouvir as palavras da ex-primeiro-ministra britânica Margaret Thatcher, que Reagan considerava como uma das suas maiores amigas. Considerando-o "o verdadeiro herói norte-americano", Thatcher defendeu que o ex-Presidente "fez mais que qualquer outro dirigente" para ganhar a guerra fria contra a União Soviética, "fê-lo sem disparar uma única vez".

Por sua vez, o ex-Presidente russo Mikhail Gorbachov lembrou que as conversas que manteve com Reagan serviram de ponto de partida para o processo que culminaria no final da guerra fria. "Não sei como outro homem de Estado agiria no seu lugar naquela altura. Reagan, que foi considerado ultra-conservador, arriscou dar esses passos e essa era a sua força", acrescentou.

No Vaticano, a notícia da morte de Reagan foi igualmente recebida com "grande pesar" pelo Papa, que dois dias antes tinha recebido o Presidente Bush e lhe pedido que enviasse uma mensagem de melhoras para Nancy, a mulher de Reagan.

O Presidente Jacques Chirac frisou, em nome dos franceses, o "grande homem de Estado" que foi Reagan, que através "da sua força das suas convicções e do seu compromisso com a democracia deixará uma marca profunda na história".

"A sua constante batalha pela liberdade contribuiu decisivamente para ultrapassar a divisão da Europa e Alemanha. Nós alemães temos muito que agradecer a Ronald Reagan", disse, por seu turno, Helmut Kohl, antigo chanceler alemão.

Outro dos antigos chefe de Estado a recordar Reagan foi o antigo Presidente polaco Lech Walesa, que realçou o "importante papel desempenhado para o colapso do comunismo".

Mas da Líbia chegam recordações amargas da Presidência Reagan. O líder líbio Muammar Kaddafi lamenta "profundamente que a morte de Reagan tenha chegado antes de [o ex-Presidente] gter sido levado perante a justiça pelo seu crime horrendo em 1986 contra as crianças líbias", numa referência aos ataques aéreos norte-americanas contra alvos na Líbia que vitimaram dezenas de pessoas, incluindo a filha adoptiva de 15 meses de Kaddafi.

Funeral de Reagan na sexta-feira

As cerimónias fúnebres nacionais do antigo Presidente vão ter lugar na próxima sexta-feira, em Washington, estando previsto que o seu corpo seja sepultado na sua biblioteca presidencial em Simi Valley, na Califórnia, segundo avançou o canal de televisão norte-americano CBS News.

O gabinete de Reagan recusou-se a confirmar os promenores sobre o serviço fúnebre, mas o canal, citando um dos seus mais próximos colaboradores, revelou que o corpo do 40º Presidente dos Estados Unidos (1981-1989) ficará em câmara ardente amanhã e terça-feira na livraria presidencial para permitir que os norte-americanos prestem a sua última homenagem, antes do funeral seguir para Washington.

A mesma fonte adiantou que as cerimónias fúnebres nacionais terão lugar na catedral de Washington, antes do corpo ser transportado para a Califórnia para a realização do funeral pela família Reagan.

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