Ficção e documentário

Na origem, um projecto da actriz Neve Campbell (da trilogia "Gritos"), que queria fazer um filme sobre uma companhia de bailado, realidade que conheceu entre os nove e os 15 anos, "A Companhia" tornou-se depois um projecto de Robert Altman, com a entrada em cena do cineasta e das suas marcas: sobreposição de ficção e documentário, multiplicação de personagens e puzzle de histórias.

Isto, enfim, é o modelo teórico tal como o conhecemos. Que Altman aplica com resultados irregulares. Este caso, por exemplo, moldado a partir de uma companhia real, o americano Joffrey Ballet, é dos mais penosos, como se tivesse ficado ainda na fase do esboço. As "personagens" são separadores entre cenas de bailado, nada da vida delas é relevante para nos interessar (não ultrapassam o tique, veja-se o director da companhia interpretado por Malcolm MacDowell). Se não foi a ficção que interessou a Altman, terá sido o "ballet" dançado pelo Joffrey Ballet? É pior essa hipótese. Há um olhar meio embasbacado (de alguém de fora, assumidamente) sobre a dança, que aqui é coisa medonha, pouco diferenciada do corpo de baile de um "show" de variedades televisivo e novo-rico.

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