Encenador Jorge Silva Melo recusa galardão do Instituto das Artes

O encenador Jorge Silva Melo, director do grupo Artistas Unidos, recusou o Prémio Almada 2003 para a área do teatro, galardão atribuído pelo Instituto das Artes (IA), alegando que "não compete ao Estado" distinguir o seu trabalho artístico.

Jorge Silva Melo justificou que não admite que um instituto oficial reconheça o seu trabalho "como sendo melhor do que o de outros artistas".

"A minha actividade não está a concurso e o Estado não tem o direito de conceder prémios. Deve, antes, concentrar-se em dar condições de trabalho aos artistas e promover o desenvolvimento das artes do espectáculo", defendeu o também actor, dramaturgo e tradutor.

Segundo explicou, o "não" é fundamentado numa razão de princípio e nada tem a ver com a actual cor política do Governo ou com a nova direcção do IA, liderada por Paulo Cunha e Silva.

"Simpatizo com o dr. Pedro Roseta [ministro da Cultura], mas ele irá certamente compreender-me pois recordo-me que recusou há alguns anos uma medalha do 10 de Junho", observou.

Silva Melo também nada tem contra prémios, pois já recebeu um da Casa da Imprensa, que considerou "uma honra". Diz só não aceitar prémios do Estado que tenham a ver com a sua criação artística.

Relativamente aos apoios estatais para as artes do espectáculo, Jorge Silva Melo, cujo grupo também tem sido subsidiado, considera-os suficientes, mas "muito mal distribuídos". "Continuamos a receber o mesmo apoio e o Instituto das Artes vai-nos dizendo para ter paciência", comentou, acrescentando que não tem esperança de que a situação mude com o novo modelo de regulamentos de acesso aos apoios oficiais, que entra em vigor este ano.

Os Prémios Almada e Revelação Ribeiro da Fonte 2003 distinguiram também os coreógrafos Olga Roriz e Rui Horta na área da dança, e o maestro Álvaro Salazar, na música.

O IA anunciou também a atribuição do Prémio Revelação Ribeiro da Fonte 2003 ao bailarino Romeu Runa, na área da dança; à violoncelista Teresa Valente Pereira, na música; e ao desenhador de luz Nuno Meira, na área do teatro.

Criados em 1998 pelo ex-Instituto Português das Artes do Espectáculo, os Prémios Almada têm este ano um valor de 25 mil euros e de cinco mil nos Prémios Revelação Ribeiro da Fonte.

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