Bélgica 1972: Gerd Muller, "o Bombardeiro"

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Franz Beckenbauer e Johann Cruyff dividem geralmente as opiniões quando a pergunta é “Qual o melhor futebolista europeu dos anos 70?”. Mas se a pergunta for “Qual o mais eficaz?”, dificilmente existe concorrência para Gerd Muller, o artilheiro alemão dessa década. As estatísticas explicam com facilidade porquê.

Por exemplo, na selecção fez 62 partidas e marcou por 68 vezes. No Bayern de Munique fez 628 jogos e obteve 365 golos. Muller nasceu em Nordlingen em 3 de Novembro de 1945, numa Alemanha devastada pela Segunda Guerra Mundial que terminara meses antes. Começou a jogar pelo TSV, o clube da cidade, mas depressa encontrou o caminho do Bayern de Munique, onde se impôs em meados da década de 60 (muito novo também, em 1966, se estreou na selecção).

As suas características atléticas eram muito diferentes das do tradicional ponta-de-lança: não muito alto (1 metro e 76), entroncado, coxas grossas. Tudo isto lhe permitia uma velocidade poderosa, uma capacidade de movimentação ímpar na grande área. Além de um poder de arranque explosivo, tinha uma enorme facilidade de remate. E, depois, o mais difícil, transformava tudo isto em golos. Numa chuva de golos. Ainda hoje é o jogador que mais vezes marcou em fases finais do Campeonato do Mundo (14, em 1970 e 1974).

Em 1970, no México, chegou aos dez golos, mas a Alemanha não passou das meias-finais; em 1974, na Alemanha, “só” marcou por quatro vezes, mas uma delas deu a vitória à sua equipa sobre a Holanda na final. Pelo meio, houve o Europeu de 1972, que confirmou o que não precisava de confirmação: “O Bombardeiro” era um perigo para qualquer defesa. Marcou dez golos. Juntou esse título europeu a um palmarés que muito poucos podem apresentar: além do Campeonato do Mundo, venceu com o Bayern quatro campeonatos da Alemanha, outras tantas taças, três Taças dos Campeões Europeus, uma Taça das Taças e uma Taça Intercontinental. Foi sete vezes o melhor marcador da Bundesliga e, em duas ocasiões (1970 e 1972) isso valeu-lhe a Bota de Ouro.

Depois de 1974, “retirou-se” para os Estados Unidos, para ganhar dólares. Quando, adolescente, começou no futebol, um treinador sugeriu-lhe que seguisse outra vida, porque nos relvados não teria futuro. Ignorou o conselho, seguiu o seu dom. E, uma vez, até tentou explicá-lo: “Tenho este instinto para saber quando é que um defesa vai descansar, ou quando é que vai cometer um erro. Há qualquer coisa dentro mim que me diz: ‘Gerd, vai para aqui. Gerd, vai para ali. Não sei o que é”.

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