Ordem dos Médicos expulsa pediatra que fez filmes eróticos com crianças

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A Ordem dos Médicos decidiu expulsar o médico aposentado António Dias Deus, responsável pelos filmes eróticos com crianças divulgados no âmbito da investigação sobre pedofilia lançada pelo escândalo da Casa Pia.

Segundo o "Correio da Manhã" de hoje, o Conselho Disciplinar da Secção Regional do Sul da Ordem dos Médicos decidiu ontem à tarde a expulsão do pediatra, que confessou ser o autor das películas exibidas na SIC no ano passado.

O médico, entretanto aposentado e portanto fora da alçada disciplinar do Serviço Nacional de Saúde e da investigação da Inspecção-Geral de Saúde lançada para investigar cinco médicos alegadamente relacionados com a suposta rede pedófila que operou na Casa Pia de Lisboa, negou a autoria das filmagens, em que aparecem várias crianças nuas.

Mas, conforme esclareceu Pedro Nunes, presidente do órgão disciplinar da Ordem, "o médico confessou na televisão a autoria dos filmes e a Ordem não aceita que os profissionais usem a sua profissão por conveniências sexuais".

O pediatra António Dias Deus é agora proibido de exercer medicina pública ou privada, mas pode ainda recorrer da decisão.

O diário avança ainda que João Ferreira Diniz, Joaquim Martins e Rui Dias, investigados pela Inspecção-Geral de Saúde (IGS) no âmbito do escândalo da Casa Pia, devem também ser expulsos da Ordem.

João Ferreira Diniz está preso preventivamente sob acusação de abuso sexual de menores e é tido como cliente da alegada rede pedófila da Casa Pia.

Rui Dias era o responsável médico da Casa Pia de Lisboa e médico do centro de Saúde de Sete Rios, de onde foi suspenso pelo ministro da Saúde, após a investigação da IGS. A investigação começou em Outubro e era inicialmente vocacionada para o privilégio que o médico dava a determinada entidade de meios de diagnóstico convencionada com o Estado. Mas a frequência com que os exames eram pedidos ganhou outra dimensão quando rebentou o escândalo de pedofilia na instituição.

Depois das investigações dos últimos dois meses, a IGS está convicta de haver indícios de que a quantidade e repetição dos rastreios aos menores teria o objectivo de garantir o despiste de doenças infecciosas às crianças e jovens abusados sexualmente na Casa Pia.

Joaquim Martins, médico no Centro de Saúde de São João, em Marvila, confessou ter cometido actos pedófilos com crianças que atendia e encontra-se suspenso preventivamente.

O quarto médico visado pela investigação da IGS, mas sobre cujo destino não estão ainda apuradas conclusões, é José Camisão, médico do embaixador Jorge Ritto e funcionário do laboratório de análises do Hospital Júlio de Matos. Apesar de ser suspeito de ter utilizado o laboratório para fazer testes de despistagem de HIV e hepatite a jovens, a pedido de adultos, a tutela refere que ainda "não foi possível reunir" até à data elementos de prova.

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