José Viana, um homem das artes


José Maria Viana Dionísio nasceu em Lisboa, a 6 de Dezembro de 1922 e morreu hoje aos 80 anos.

Conhecido principalmente pela sua carreira no teatro, José Viana começou por estudar na Escola Industrial Machado de Castro, onde nunca chegou a concluir o curso de serralheiro mecânico, mas onde aprendeu a arte do desenho. Aos 13 anos começou a publicar os seus desenhos no jornal "O Senhor Doutor”, no suplemento “Pim Pam Pum” do jornal "O Século" e a fazer capas para o "O Papagaio".

Anos mais tarde descobre o mundo da música através de Glenn Miller e, apaixonado pelo jazz, começou a cantar com vários conjuntos em sociedades de recreio e mais tarde em “cabarets” como o Arcádia. Em 1947 integra a II Exposição Geral de Artes Plásticas, organizada pelo Movimento de União Democrática (MUD) na Sociedade Nacional de Belas Artes, onde triunfa o neo-realismo. Entre os quadros confiscados pela polícia do regime salazarista está o de José Viana.

A sua estreia no teatro surge inicialmente como cenógrafo na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, mas mais tarde transfere-se para o papel de actor amador em obras de Gil Vicente, Alves Redol e Raúl Brandão. Depois de prestar provas no conservatório para obter a carteira profissional, José Viana integra a equipa dos Companheiros do Páteo das Comédias como actor profisional.

Anos mais tarde, depois de passar pelo teatro de revista, fixa residência durante algum tempo em Angola, dedicando-se sobretudo à pintura (expõe em Benguela, Lobito e Luanda).

De regresso a Portugal, José Viana estreia-se como autor em 1959, na revista "Mulheres à Vista" e quatro anos mais tarde surge a sua primeira encenação no teatro de revista com "Elas São o Espectáculo".

Em meados da década de 60, José Viana atinge o auge da sua carreira, pela Empresa de Vasco Morgado e Guiseppe Bastos. A figura do Zé Cacilheiro surge em 1966, em “Zero, Zero, Zero – Ordem para Matar”.

Segue-se uma época de profundo empenhamento político que é transmitido nas peças que escreve em parceria com outros autores. Este período demonstrará a José Viana que o humor não se pode colocar ao serviço de uma ideologia, mas que tem de permanecer livre e isento.

Em 1987 regressa ao Parque Mayer para a "Festa no Parque", mas a recepção do público não é favorável, levando o actor a um período de recolhimento e ao regresso à pintura.

A carreira cinematográfica de José Viana começa em 1953 com "O Cerro dos Enforcados". A última longa-metragem em que participou data de 1992 e foi realizada pelo cineasta João Mário Grilo sob o nome de "O Fim do Mundo".
Fonte: "José Viana – 50 anos de Carreira", de Lauro António




Morreu o actor José Viana

Foto
Hugo Castanho/PUBLICO.PT

O actor José Viana faleceu hoje em Lisboa na sequência de um acidente de viação ocorrido esta madrugada na A5.

O actor, nascido a 6 de Dezembro de 1922, e a sua mulher foram conduzidos para o Hospital São Francisco Xavier. José Viana acabou por não resistir às lesões sofridas. Dora Leal, que apresentava algumas fracturas, já teve alta.

A Brigada de Trânsito está ainda a investigar as circunstâncias em que ocorreu o acidente, que terá envolvido uma outra viatura.

O conhecido actor e pintor, que se celebrizou nomeadamente pela canção alusiva ao "Cacilheiro de Lisboa", gozava de boa saúde apesar da idade avançada, adiantou uma fonte familiar.

A actriz Eunice Muñoz, companheira de palcos mas que nunca contracenou com o actor hoje falecido, recordou à TSF um homem "encantador no trato", "muito bem educado", um "pintor muito interessante" e sobretudo um actor "cheio de imaginação".

Por seu lado, o actor Raul Solnado lembrou um "actor de múltiplos talentos", com uma carreira "brilhante e diversificada".

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