Em Coimbra, 2003 começou ontem

A Capital Nacional da Cultura (CNC) Coimbra 2003 apresentou ontem o primeiro espectáculo, a imagem institucional do evento e o programa definitivo das realizações que decorrerão já no último trimestre deste ano. Abílio Hernandez, presidente da CNC, está satisfeito com os finaciamentos e elogiou o empenho do actual ministro da Cultura.

Com a representação de «A Síncope do 7», espectáculo de circo contemporâneo criado pelos franceses Colletif AOC, realizou-se ontem à noite, no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), o primeiro espectáculo do evento Capital Nacional da Cultura (CCN) 2003. Horas antes, o mesmo local serviu de palco à apresentação da imagem institucional do evento - com um enorme placard a ser afixado na fachada do teatro, onde permanecerá nos próximos doze meses - e ao programa definitivo das realizações culturais que a Coimbra 2003 antecipou para 2002, visando acompanhar o calendário escolar e incorporar a bienal Encontros de Fotografia, o evento artístico com maior projecção internacional da cidade.

Numa conferência de imprensa em que também participou o presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), Carlos Encarnação, o presidente da CCN, Abílio Hernandez, referiu-se àqueles eventos como o «prólogo» da Coimbra 2003 e à «Síncope do 7» como o «início do prólogo» da primeira CNC, ideia de José Sasportes herdada por Augusto Santos Silva e Pedro Roseta, que lhe sucederam à frente do Ministério da Cultura.

Ontem foi também a primeira cerimónia relacionada com a CNC em que os seus responsáveis se apresentaram francamente optimistas, sem sinal das nuvens de preocupações orçamentais que pairaram até agora sobre o evento. Abílio Hernandez afirmou mesmo não ter problemas em reconhecer que ficou satisfeito com os 2,9 milhões de euros que o Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) para 2003 reservou ao evento, a juntar aos 362 mil euros que o Orçamento de Estado dedica às despesas de funcionamento da organização para o próximo ano: «Obviamente que queria mais PIDDAC, mas, na conjuntura actual, estava muito receoso de que viesse uma verba muito inferior, que me obrigasse a repensar a minha posição», revelou.

Hernandez disse estar consciente de que, numa altura de crise, o Ministério da Cultura, por ter um orçamento menor, é aquele que mais sente os efeitos dos cortes. Por outro lado, prometeu ser muito reivindicativo com os quatro ministros responsáveis pelas pastas da Ciência e Tecnologia [Coimbra 2003 tem a Cultura, Ciência e Cidadania por tema], das Cidades, da Educação e dos Negócios Estrangeiros, aos quais contou ter entregado vastos dossiês com projectos candidatos a financiamento. Nessa tarefa de angariação de outros apoios, Hernandez disse estar a contar com o auxílio do ministro da Cultura, que ontem terá assistido à «Síncope do 7»: Tenho que prestar homenagem ao ministro Pedro Roseta. Não sou reconhecidamente um homem afecto ao Governo, estou à vontade para dizer que defendeu muito bem o projecto [da Capital Nacional da Cultura]. E, se suceder o contrário, também estarei à vontade para o dizer», prometeu.

Secundado pelo presidente da CMC, Abílio Hernandez apontou a «carência de espaços condignos» como derradeiro entrave ao anúncio da programação da CNC para 2003, que deverá acontecer em Dezembro. Carlos Encarnação afirmou que CMC e CNC tem andado a descobrir novos espaços: «Tenho a certeza de que o público se vai surpreender com os espaços que encontramos para serem fruídos». Encarnação observou, contudo, que este é um trabalho difícil, que decorre a contra-relógio e em luta permanente com a burocracia. Um dos espaços a que os dois responsáveis se referiam é o do Museu dos Transportes, desconhecido da generalidade dos conimbricences, que vai acolher a iniciativa «Semana dos 7 Ofícios», dedicada ao artesanato.

Carlos Encarnação também elogiou a programação já conhecida para 2002 e a imagem institucional da CNC.

Em termos gráficos, as várias imagens apresentam silhuetas em movimento, relacionadas com as artes performativas, sobrepostas a fotografias de Coimbra onde uns electrizantes rosa, vermelho e laranja são as cores predominantes. Em termos de conteúdo, ressaltam as expressões como «cidade viva», «futuro», dando força a um conjunto que rompe, radicalmente, com a imagem tradicional da cidade.

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