A guerra dos oito anos

Entre 1980 e 1988, o Irão e o Iraque travaram uma guerra devido a disputas territoriais. O Iraque invadiu o Irão em 1980, sendo que as relações entre os dois países começaram a ficar tensas um ano antes.
Para além das questões políticas e religiosas, o Irão continuava a ocupar três pequenas partes de território na fronteira com o Iraque que deveriam ser entregues segundo o tratado de 1975. Nos anos de 1979-80, os confrontos eram frequentes nesta zona.
A 21 de Setembro de 1980, as forças iraquianas invadiram o Irão, bombardeando, ao mesmo tempo, as bases aéreas iranianas e outros alvos estratégicos. Sete dias depois, as Nações Unidas pediram um cessar-fogo. O Presidente iraquiano, Saddam Hussein, afirmou que aceitava a trégua desde que o Irão também o fizesse. A resposta foi negativa. A guerra durou oito anos, transformando-se no conflito armado mais longo e mais sangrento do Médio Oriente dos tempos modernos, custando cerca de um milhão de vidas.
Em 1987, a situação militar começou a ser favorável ao Iraque, que obtinha armamento adicional de França e da União Soviética. Os EUA, na altura de boas relações com o regime de Saddam, apontavam às forças iraquianas os alvos iranianos a abater.
Em Julho de 1987, o Conselho de Segurança da ONU aprovou unanimemente a resolução 598, que exigia ao Iraque e ao Irão que aceitassem um cessar-fogo, retirassem as suas forças para as fronteiras internacionalmente reconhecidas e iniciassem negociações sob os auspícios da ONU. O Iraque voltou a dizer que aceitava a resolução se o Irão também o fizesse. O Irão não chegou a responder, mas exigiu alterações que condenassem o Iraque como potência agressora e que decretassem a saída de todos os navios estrangeiros estacionados no golfo.
As operações militares reduziram-se e o Iraque recapturou a península de Fao e os sectores de Salamcha e Majnun. Temendo uma revolta interna, os líderes iranianos transmitiram a Khomeini a necessidade de aceitar um cessar-fogo, de forma a evitar o colapso do regime. O Irão aceitou formalmente a Resolução 598 a 20 de Agosto de 1988, mas só em 1990 os dois países conseguiram ultrapassar as suas diferenças e aplicar a resolução, bem como o estabelecido no tratado de 1975. Mas, até hoje, Irão e Iraque nunca assinaram qualquer acordo de paz, já que a questão dos prisioneiros de guerra e dos movimentos de oposição iranianos e iraquianos permanecem dois grandes obstáculos à normalização das relações.




Portugal vendeu urânio ao Iraque

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O urânio enviado por Portugal nunca chegou, pelo menos até agora, a ser utilizado por Saddam para desenvolver armamento nuclear Karim Sahib/AFP

Portugal violou na década de 80 o embargo internacional da ONU à venda de armamento ao Iraque e ao Irão, dois países que estavam na altura em guerra. Lisboa vendeu urânio a Bagdad e munições a Teerão.

Segundo documentos oficiais da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), a venda em duas ocasiões daquele metal radioactivo ao Iraque — a primeira em Junho de 1980 e a segunda dois anos depois, num total de 280 toneladas — chegou a ser declarada à Agência, noticia a RTP no seu sítio na Internet.

Porém, o urânio nunca chegou, pelo menos até agora, a ser utilizado por Saddam Hussein para o desenvolvimento de armamento nuclear, também de acordo com a AIEA.

Os documentos citados dão igualmente conta do envolvimento de Portugal na venda de munições ao regime iraniano.

Empresas do Estado receberam munições britânicas

Duas empresas pertencentes ao Estado português — INDEP (Indústrias Nacionais de Defesa, Empresa Pública) e SPEL — venderam munições que eram provenientes do Reino Unido ao Irão, entre 1986 e 1988, segundo um relatório parlamentar britânico.

A empresa britânica Allivane foi quem colocou as munições em Portugal, com conhecimento do Governo de Londres, que pensava que estas seriam utilizadas pelas Forças Armadas lusas: acabaram por chegar a Teerão, numa fase de embargo internacional.

Actualmente, os Estados Unidos equacionam um eventual ataque armado contra o território iraquiano, com vista à queda do regime de Bagdad, liderado pelo Presidente Saddam Hussein, que poderá estar a desenvolver armas de destruição maciça.

O Iraque e o Irão, juntamente com a Coreia do Norte, são considerados por Washington como os países do "eixo do mal".

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