Bush e Annan confrontam ideias sobre o Iraque

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O Presidente norte-americano, George W. Bush, desafia hoje a Assembleia Geral das Nações Unidas a apoiar a ofensiva contra o Iraque, depois de já ter sido avisado pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que só o Conselho de Segurança pode legitimar um ataque.

Na ressaca do aniversário dos atentados de 11 de Setembro, Bush começa a falar às 14h30 de Lisboa, dirigindo à assembleia da ONU um desafio: forçar o desarmamento do Iraque ou arriscar um ataque.

Segundo fontes próximas de Bush, este deve descrever o Iraque como uma ameaça à segurança mundial e elencar os motivos que sustentam esse perigo, nomeadamente no que toca às "violações sistemáticas" das directivas da ONU. No entanto, não será um discurso de convencimento mas sim de afirmação. Nas entrelinhas ficará a certeza de que os Estados Unidos estão prontos e aptos a agir sozinhos ou com o apoio do seu aliado primordial, o Reino Unido. Será, segundo contaram à Reuters responsáveis de Washington, não um ultimato mas uma última hipótese de as Nações Unidas tomarem uma decisão e partirem para a acção.

Mas o discurso previsível de Bush já teve, nos últimos dias, sinais de contestação. Ontem, Kofi Annan lembrou o Presidente dos EUA que a única decisão legítima de ataque ao Iraque tem de passar pelo Conselho de Segurança da ONU. Hoje, a intervenção do secretário-geral será mais dura e também trará um desafio. Annan vai questionar as linhas da política da Administração Bush relativas ao Iraque e argumentar de novo que só as Nações Unidas podem autorizar o uso da força no Golfo.

Um excerto do discurso que Annan profere esta tarde frisa exactamente que "quando os Estados decidem usar a força para lidar com ameaças à paz e segurança internacional, não há substituto para a legitimidade singular dada pelas Nações Unidas".

Mas Bush parece convicto de que o ataque ao Iraque é uma missão. Ontem, no seu discurso em Nova Iorque de homenagem às vítimas dos atentados de 11 de Setembro, voltou a aludir à situação tensa com o regime de Saddam Hussein e prometeu: "Não vamos permitir que nenhum terrorista ou tirano ameacem a civilização com armas de assassínio em massa".

Sem o apoio incondicional da ONU, nas últimas semanas o Presidente norte-americano tem feito uma operação de relações públicas para angariar aliados no caso de um ataque ao Iraque, entre eles Portugal, que na voz do primeiro-ministro, Durão Barroso, anuiu perante as intenções bélicas de Bush.

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