Condomínio fechado vai nascer em antigo palácio da Bica

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O promotor pediu intervenção arqueológica antes de concretizar o projecto

Está praticamente concluída uma intervenção arqueológica feita na Bica, em Lisboa, destinada a reconstituir a história do quarteirão do palácio Mesquitela, onde vai ser construído um condomínio fechado.

Trata-se de um conjunto edificado iniciado no século XVI e reconstruído depois do terramoto de 1755, que foi aumentando - reflectindo o crescimento da família dos condes de Mesquitela -, de poente para nascente, até ao século XIX. Nessa altura, boa parte foi alugada ao Estado, que ali teve instaladas as escolas Rodrigues Sampaio e D. Maria. Do palácio faz parte uma capela barroca classificada, a necessitar de protecção.

"Um aspecto original da intervenção reside em ter sido efectuada a pedido do promotor e antes da feitura do projecto, apenas definido em termos gerais. Admitimos que alguns sítios encontrados nas escavações possam vir a ser integrados no projecto do condomínio", diz António Valera, responsável técnico da empresa de arqueologia encarregada do estudo.

Os trabalhos, iniciados em Abril, incluíram cinco escavações em pontos diferentes do quarteirão, onde foram encontrados restos de cerâmicas dos séculos XVII e XVIII e cujo interesse maior é o de ajudar a traçar a evolução de um quarteirão definido pelo Largo Dr. António de Sousa de Macedo, Rua do Sol a Santa Catarina e travessas do Alcaide e do Judeu, que mudou muito ao longo do tempo.

Entre as estruturas postas a descoberto está o que deverá ter sido um pombal (do século XVIII) e que os arqueólogos julgam situar o local onde dantes existiu uma torre. Um antigo jardim e um pátio, com restos de calçada, foram também aqui sondados.

A equipa irá agora analisar os achados para depois entregar à construtora Abrantina um relatório sobre o potencial arqueológico da área de implantação do futuro condomínio fechado.

Segundo António Valera, há actualmente em Portugal 27 empresas privadas de arqueologia e o mercado está a crescer, sendo estas já responsáveis por "60 a 70 por cento de todas as intervenções arqueológicas em curso". O aumento do número de obras públicas - como auto-estradas, empreendimentos hídricos ou redes de saneamento urbano - tem motivado este "crescimento muito acelerado", referiu.

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