Morreu Astrid Lindgren, a mãe da "Pipi das Meias Altas"

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Astrid Lindgren conseguiu alcançar o imaginário infantil através de várias obras, traduzidas em mais de 55 línguas DR

Astrid Lindgren, a escritora sueca que criou a ruiva, sardenta e irrequieta "Pipi das Meias Altas", morreu hoje aos 94 anos. Com uma obra dedicada ao imaginário infantil, traduzida em 55 línguas e lida por crianças de todo o mundo, Lindgren escreveu mais de 50 obras, adaptadas para peças de teatro e séries televisivas. A partir do seu trabalho, nasceu em Estocolmo o Junibacken, um museu inteiramente dedicado aos mais pequenos, um dos lugares mais visitados da capital sueca.

Nascida a 14 de Novembro de 1907 em Naes, na comunidade de Vasastan, no sudeste da Suécia, foi com a sua primeira história, "Pipi das Meias Altas" (1944), uma prenda para o 10º aniversário da sua filha Karin, que Astrid Lindgren se tornou numa das escritoras para crianças mais conhecidas. Um ano mais tarde a história é publicada, com ilustrações de Ilon Wikland, que irá acompanhar quase todos os trabalhos da escritora, e vence o primeiro prémio Rabén & Sjogren para o melhor livro infantil. "Pipi das Meias Altas", a história de uma menina irreverente de longas tranças ruivas, que vive apenas com o seu cavalo, o seu macaco, uma mala cheia de ouro e uma árvore onde cresce chocolate e limonada, "não modela, não comove, não moraliza, Pipi responde ao desejo fundamental das crianças de se apropriarem do mundo", diz Lars Forsted, especialista de literatura para os mais pequenos na Rabén & Sjoegren.
Também as suas outras personagens, "Zozo, o tornado", "Rasmus", "Kati", "Vic, o vitorioso", "Ronya, a filha do salteador" ou "Os irmãos Coração de Leão" conseguem aproximar-se facilmente dos mais pequenos e dar corpo às suas vontades e sonhos incompreendidos pelos adultos.
"Venho de uma Suécia rural, conformista, com várias referências religiosas", diria um dia Astrid Lindgren, questionada sobre a forma como descreve o mundo imaginário infantil. "Jamais pretendia pôr em causa a ordem social existente. A minha ambição é a de reformar as mentalidades, mostrando a eficácia de uma educação que garanta a autonomia da criança para que se reconcilie com o mundo em que vive", explicou a escritora.
Astrid Lindgren morreu hoje na sua casa em Vasastan, no centro de Estocolmo, vítima de doença prolongada.

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