Dois anos de liderança de Durão Barroso

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Barroso faz um "balanço positivo" dos dois anos que passou à frente do PSD Manuel Moura/Lusa

José Manuel Durão Barroso está há dois anos na liderança do PSD. No entanto, o entusiasmo que rodeou a sua eleição como presidente dos sociais-democratas, no Congresso de Coimbra de 2 de Maio de 1999, onde sucedeu a Marcelo Rebelo de Sousa, contrasta hoje com a dificuldade que tem demonstrado em impor-se no partido e afirmar-se como alternativa ao Governo de António Guterres.

Tem sido no interior do seu próprio partido que Durão Barroso tem encontrado as maiores resistências. Muitos dos "barões" que o apoiaram, principalmente depois de ter rompido a Alternativa Democrática de Marcelo Rebelo de Sousa, elegendo Paulo Portas como principal adversário, tornaram-se nos seus principais críticos.Dias Loureiro, Marques Mendes, Santana Lopes, Alberto João Jardim, Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Filipe Menezes - que o acusou recentemente de ser um líder "frouxo" - são alguns dos nomes que oscilaram entre o aplauso e a crítica contundente.
A maior prova de descontentamento em relação à presidência de Barroso foi a convocação de um Congresso extraordinário, em Fevereiro do ano passado, onde Santana Lopes e Marques Mendes saíram derrotados.
O enfraquecimento do líder social-democrata ficou ainda vincado por algumas intervenções públicas menos felizes, nomeadamente num debate na Assembleia da República, onde, sentindo-se ofendido com as declarações de Guterres, se remeteu ao silêncio, permitindo que o ministro dominasse a discussão.
As prestações menos conseguidas do líder social-democrata e a contestação interna à sua liderança explicam, em parte, a baixa popularidade que o presidente "laranja" goza nas sondagens que têm sido publicadas.
Durão Barroso tem insistido em temas de fundo, entre as quais as listas de espera para cirurgias nos hospitais, o défice público ou a sinistralidade nas estradas, mas não tem conseguido congregar a simpatia ou entusiasmo dos eleitores.
As derrotas nas eleições europeias e legislativas acabaram por se revelar como factores menores de desestabilização, até porque o tempo que Barroso teve para as preparar - um e quatro meses respectivamente - foi utilizado pelo partido para justificar esses resultados sofríveis.
Por outro lado, as debilidades e dificuldades mostradas pelo Governo "rosa", agudizadas pela tragédia da ponte de Entre-os-Rios e pela divisão interna no PS, deram novo fôlego ao líder social-democrata ganhou novo fôlego para as batalhas que se avizinham, a próxima das quais é já em Dezembro, com as eleições autárquicas.

Barroso faz balanço positivo da sua liderança

O presidente do PSD, Durão Barros, afirmou ao PUBLICO.PT que o balanço de dois anos à frente dos sociais-democratas é "globalmente positivo, não só porque o partido cresceu, mas também porque se tornou numa verdadeira alternativa ao Governo socialista".
O líder social-democrata recordou a crise em que o partido se encontrava - "sem estratégia e desorientado" - quando assumiu a liderança.
Para Barroso é fundamental fazer passar a ideia de que o PSD está "preparado para governar o país", reafirmando que o seu principal objectivo é o de "vencer as eleições legislativas".
O líder social-democrata fez questão de separar águas entre autárquicas e legislativas, referindo que as duas eleições "não podem ser confundidas pois são batalhas políticas distintas".
Barroso desvalorizou, ainda, as críticas que lhe têm sido arremessadas, garantindo que a subida do PSD nas sondagens se deve ao bom trabalho executado pelo partido na oposição. "É natural que o desgaste do Governo favoreça as forças da oposição, mas isso é igual em todos os países democráticos", referiu.
Durão Barroso salientou ainda que, durante os dois anos da sua presidência, o partido chumbou os dois orçamentos apresentados pelo Governo uma vez que estes "eram negativos para o país". Tal atitude ajudou a "credibilizar o PSD" e demonstrou que o partido não opta por "soluções fáceis".
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