Soares deixa cair reedição do congresso "Portugal, Que Futuro?"

Mário Soares deverá desistir de organizar uma segunda edição do congresso "Portugal, que futuro?", agora intitulada "Portugal, e agora?". Esta é, pelo menos, a opinião "pessoal" de um dos seus principais amigos políticos, o deputado socialista Vitor Ramalho.

Segundo explicou ao PÚBLICO, uma reunião destas não faz sentido no "quadro de estabilidade" entre os socialistas que, no seu entender, emergiu da reeleição de Jorge Sampaio. Outras fontes próximas do ex-Presidente da República vão mais longe e garantem que está "completamente excluída" a hipótese de reeditar uma reunião de reflexão nos moldes em que foi organizado o "Portugal, que futuro?". Esta iniciativa, apadrinhada pelo então Presidente da República
Mário Soares na Primavera de 1994, serviu tanto de ataque ao primeiro-ministro Cavaco Silva como ao então apenas líder do PS António Guterres, acusado pelos soaristas de ter uma liderança demasiado "mole" da oposição.
O PS prepara-se agora para o seu congresso e ontem à noite decorreu uma reunião da comissão política nacional. Para hoje está convocada a comissão nacional, que vai marcar a data definitiva do conclave, o qual será antecedido por uma "tournée" nacional de Guterres pelas estruturas do partido.
Aguardava-se para a reunião de ontem, com alguma expectativa, a intervenção de João Cravinho. O ex-ministro do Equipamento, figura de peso no chamado grupo sampaísta, foi convidado por Guterres para participar na elaboração da moção. Contudo, ainda não respondeu. De caminho, avisa, em declarações ao PÚBLICO: "Se a ideia é fazer uma corte, eu estou de fora. Se for para participar na discussão de problemas artificiais, não entro." Para Cravinho - que não perdoa "acções pidescas vindas de dentro do partido" que diz ter sido alvo recentemente - a discussão no congresso deve ser feita sobre os desafios que atingem o PS como partido de governação e nada mais.
Entretanto, a direcção do PS-Porto já decidiu como vai resolver, em termos de listas para a comissão nacional, alguns problemas incómodos, como o de Fernando Gomes, Franscisco Assis e Carlos Lage. Para Narciso, Gomes, Assis e Lage devem ser indicados por António Guterres já que integram o secretariado nacional.

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