Bofetadas, viagens e incêndios: os outros casos que provocaram demissões no Executivo

Das duas bofetadas prometidas por João Soares aos incêndios que fizeram cair Constança Urbano de Sousa.

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Costa numa das tomadas de posse do seu Governo Nuno Ferreira Santos

O primeiro governante a deixar o executivo de António Costa foi João Soares, ex-ministro da Cultura. O último é Azeredo Lopes. Falta saber o que acontece aos seus secretários de Estado.

Duas bofetadas

Quase cinco meses depois de a “geringonça” tomar posse, em Abril de 2016, o ministro da Cultura, João Soares, demitiu-se após ter escrito na sua página do Facebook que esperava “ter a sorte” de poder dar “bofetadas” ao crítico Augusto M. Seabra e de aplicar “salutares bofetadas” ao comentador Vasco Pulido Valente”. António Costa comentou, na altura, que “nem à mesa do café [os ministros] podem deixar de se lembrar que são membros do Governo”. Foi um pré-anúncio da demissão. Com João Soares saiu a secretária de Estado da Cultura Isabel Botelho Leal. Luís Castro Mendes sucedeu a Soares e convidou Miguel Honrado para o lugar de secretário de Estado. Na mesma semana, mas sem relação com este episódio, demitiu-se João Wengorovius  Meneses, secretário de Estado da Juventude e Desporto, em desacordo com o ministro da Educação. Foi substituído a 14 de Junho por João Paulo Rebelo. Em Fevereiro de 2017, na sequência de outra mini-remodelação, foi empossado Álvaro Novo como secretário de Estado do Tesouro por desdobramento da pasta então ocupada por Ricardo Mourinho Félix.

As viagens

Fernando Rocha Andrade (Assuntos Fiscais), João Vasconcelos (Indústria) e Jorge Costa Oliveira (Internacionalização) demitiram-se em Julho de 2017, antecipando a sua constituição como arguidos pelo Ministério Público por suspeitas do crime de recebimento indevido de vantagem. Em causa estavam as deslocações destes governantes a jogos do Euro 2016, a convite da Galp. António Costa aproveita então para mexer no Governo, alargando a remodelação: saem Amândio Torres (Florestas e Desenvolvimento Rural), Margarida Marques (Assuntos Europeus), Carolina Ferra (Administração Pública e Emprego Público), Miguel Prata Roque (Presidência do Conselho de Ministros) e entram Ana Paula Zacarias (Assuntos Europeus), Eurico Brilhante Dias (Internacionalização), Ana Teresa Lehman (Indústria), Miguel Freitas (Florestas), António Mendonça Mendes (Assuntos Fiscais), Tiago Antunes (Presidência do Conselho de Ministros), Fátima Fonseca (Administração Pública). É ainda criada a secretaria de Estado da Habitação, assumida por Ana Pinho.

Os incêndios

Constança Urbano de Sousa tentou demitir-se do cargo de ministro da Administração Interna antes, mas só conseguiu fazê-lo depois do discurso do Presidente da República a propósito dos incêndios de 15 de Outubro. Saiu a 18 de Outubro (no dia em que apareceram as armas de Tancos) e com ela saiu também Jorge Gomes, secretário de Estado da tutela. Eduardo Cabrita deixou então o cargo de ministro Adjunto do primeiro-ministro, para suceder a Constança. Foram criadas duas novas secretarias de Estado: Protecção Civil (entregue a José Artur Neves) e Autarquias Locais (Carlos Miguel). A secretária de Estado adjunta Isabel Oneto manteve-se no cargo. Saiu ainda Catarina Marcelino, secretária de Estado da Igualdade (foi substituída por Rosa Lopes Monteiro) e entrou Pedro Siza Vieira para o cargo de ministro Adjunto.

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