Querido diário, somos todos adolescentes

Inês Barahona e Miguel Fragata mergulharam durante mais de um ano no universo da adolescência. Montanha-Russa, o espectáculo musical que está em cena no Teatro D. Maria II, em Lisboa, é o resultado dessa viagem feita de avanços e recuos.

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Miguel Manso

No dia 30 de Agosto de 1995, uma quarta-feira, o tempo estava abafado. Pelo menos no local onde Catarina Medina, na altura com 13 anos, passava as férias de Verão. É assim que o descreve, antes de avançar com uma notícia que deixaria qualquer um contente: “Podes não acreditar, Miko, mas ganhei 500 escudos na lotaria instantânea”. Nesse dia, o diário de Catarina começava desta maneira.

Folhear as páginas de um diário e ler o que lá escreveram, mesmo que já tenham passado várias décadas e que os autores o tenham autorizado, implica sempre uma carga de intrusão. No entanto, foi mesmo por aí que a dupla Inês Barahona e Miguel Fragata começou, quando decidiu avançar com o espectáculo Montanha-Russa – em cena na sala principal do Teatro Nacional D. Maria II até dia 27 de Março, e que depois passará por várias cidades do país nos meses seguintes, para além de Rouen, em França.

No final de Outubro de 2016, a cerca de ano e meio da estreia do espectáculo, anunciaram que estava aberta a época de entrega de diários. A chamada era aberta a diários de qualquer época, geografia e formato, desde que tivessem sido escritos por adolescentes.

Catarina Medina, actualmente com 35 anos e directora de comunicação do Teatro Maria Matos, em Lisboa, foi uma das pessoas que acedeu a esse pedido invulgar. Já conhecia o trabalho da dupla, que nos últimos anos tem criado espectáculos para a infância mas que se estendem a todos os públicos. Há 20 anos não iria deixar que ninguém se aproximasse dos seus diários. Todos eles tinham cadeados ou fechos. Mantê-los privados era uma condição essencial. “A ideia de alguém o poder ler era quase tão má como o teu pai se ir despedir de ti ao autocarro na viagem de estudo com dois beijos repenicados”, brinca.

O mesmo confirma Fátima Gomes, professora de História, 60 anos, que começou a escrever diários por volta dos 14 anos, e que também os cedeu para o processo de criação deste espectáculo. Escrevia com letra corrida e pequena para garantir que, caso os diários fossem descobertos, a sua leitura fosse indecifrável. Numa fase posterior, em que substituiu os diários por pequenas agendas, chegou a escrever frases noutras línguas, como o alemão. Por um lado, sentia-o como um sinal de maturidade, por outro dessa forma podia revelar mais detalhes dos seus namoros.

Na altura, inspirava-se nos livros que lia, especialmente nas histórias com protagonistas femininas, como a Colecção Brigitte ou a obra em cinco volumes O Romance de Isabel, ambos da francesa Berthe Bernage. As personagens escreviam a sua vida em diários, Fátima imitava-lhes os passos.

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Inês e Miguel não sabiam exactamente o que iriam encontrar nos diários que receberam, saídos directamente dos baús de adultos que foram adolescentes nos anos 1970, 80, 90 e mesmo no início dos anos 2000 DR

“Só penso em ti”

Os cadernos de Fátima Gomes, um deles com uma romântica capa de veludo vermelho, revelam páginas e páginas de relatos e confissões. Abrem-se as suas folhas e descobrem-se recortes, fotografias, bilhetes de comboio. Num dos diários, escrito a lápis de cor por cima do restante texto, lê-se “Desespero”. Noutro, “Só penso em ti”.

A exigência da escola, ser ou não chamada ao quadro, a impossibilidade de usar a roupa nova no dia-a-dia (os avós, com quem viveu, preferiam guardar as novas peças de vestuário para os dias de missa) eram alguns dos motivos de inquietação. No entanto “os namoricos”, como explica Fátima, também ocupavam uma parte considerável dos seus diários. “Tentava escrever todos os dias mas quando estava mais melancólica, quando o amor não me tinha corrido bem, aí escrevia mais”, conta ao P2 por telefone a partir de Vila Nova de Gaia, onde sempre viveu.

No último dia dos seus 17 anos, as páginas do diário de Fátima revelavam uma jovem receosa. “Quantas perguntas se poderiam pôr às quais não se pode saber a resposta? Quanto daria para saber as respostas às muitas questões de que tenho tanto medo? Mas tudo isto pertence ao futuro, e o futuro se encarregará de me as ir mostrando”, desabafa com Dizzi, o nome com que baptizou o seu diário. “Adeus, um beijinho da amiguinha no último dia dos seus 17 anos.”

A 25 de Abril de 1998, Catarina, na altura com 15 anos, iniciava assim a entrada desse dia no caderno: “Sinto-me revoltada comigo. Sinto-me instável, não sei o que sinto. Ou seja, tanto sei, como não sei. É esquisito.” A frase podia sair da boca de uma das personagens do espectáculo Montanha-Russa, na sua concisa forma de traçar, trocando as voltas, o momento da adolescência.

Na verdade, Miguel Fragata e Inês Barahona não usaram esta frase em particular no espectáculo, mas é provável que quem cedeu os seus diários se consiga reconhecer em alguns momentos. Receberam cerca de 20 diários, sobretudo de gerações mais antigas, desde adolescências vividas nos anos 1970 até ao início dos anos 2000. “Claramente há uma capacidade de se distanciarem desse material”, explica Miguel. “Mas também porque os jovens de hoje não escrevem diários da mesma forma como eram escritos há vinte ou trinta anos, fazem-no já noutra lógica que é a de escrever para ser lido”, acrescenta, referindo-se a blogues e às redes sociais.

Paixonetas e erros ortográficos

De vez em quando, Fátima volta a abrir os seus diários. Simplesmente pela curiosidade de perceber o que fez em determinado dia. “Acho bonito, não me sinto nada embaraçada, nadinha”.

Catarina Medina também não. “Na mesma página do diário estás apaixonada por um rapaz e no final da mesma página estás apaixonada por outro”, recorda ao P2. “Toda essa intensidade é característica desta fase da vida, então a minha vida é próxima da vida do outro, o meu embaraço é o embaraço do outro, e está tudo bem”, acrescenta. “Há um conforto nessa coisa.” Acaba por ficar mais incomodada, na verdade, com os ocasionais erros ortográficos.

Lembra-se que pedia muito para receber diários, entre os 12 e os 15 anos. Lembra-se também – e os próprios existem para o comprovar – que se aplicava “com todo o vigor” na sua escrita durante 15 ou 20 páginas e que depois os abandonava. “Eu sou uma pessoa muito comunicativa e essa ideia de ausência de retorno podia ser a justificação para aquilo me cansar”, diz. É a própria Catarina, na altura adolescente ou pré-adolescente, que reconhece, numa das frases que escreveu a certa altura, que o diário é um objecto inanimado. Na verdade, parecia não conseguir responder à velocidade vertiginosa que por norma associamos à adolescência.

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Muito do tecido narrativo e emocional com que se cose este espectáculo vai ao encontro de episódios e sensações escritos dos diários recolhidos pelos autores da peça Miguel Manso

Estes diários foram importantes na concepção de Montanha-Russa porque, defende Inês Barahona, permitiram evitar “aquilo que são os grandes clichés sobre a adolescência” e, ao mesmo tempo, “descobrir tonalidades e zonas de adolescência”. Sobretudo formas de viver esta fase da vida que, acredita a dupla de autores, “atravessam todas as gerações”.

“O que está à volta muda, mudam também os grandes combates, a mira vai apontando para direcções diferentes, mas o que está por dentro parece ser bastante similar”, afirma Inês. Era por esse caminho que queriam seguir, depois de em espectáculos anteriores terem abordado a questão da morte (A Caminhada dos Elefantes), os refugiados (Do Bosque para o Mundo) e aquilo que separa os adultos e as crianças (The Wall). Foi precisamente após este último espectáculo que a ideia de fazer algo sobre a adolescência surgiu.

Os adolescentes que apareciam para ver The Wall – que acontecia num palco dividido por um muro que separava adultos e crianças em duas plateias distintas – não sabiam bem em que lado da barricada se situar. “Fez-nos pensar sobre a adolescência e sobre esse lugar ou a ausência desse lugar, o não-lugar que é essa fase”, explica Miguel Fragata.   

Dessa experiência nasceu a vontade de fazer um espectáculo sobre adolescentes. “E imediatamente surgiu esta ideia de ser um musical (que conta com composições originais de Hélder Gonçalves, dos Clã) e de partirmos de algo íntimo e individual como um diário”, refere Miguel. “Era uma forma que achámos que condizia com qualquer coisa que vinha desse espírito da adolescência e o desafio era ver se isso ainda casava com a adolescência que íamos encontrar agora”, completa Inês.

Que tipo de adulto é que não queres ser?

Com 40 e 35 anos, respectivamente, Inês e Miguel viveram duas adolescências diferentes. Ela é a primeira a assumir que só agora se está a reconciliar com esse período. Fala de “uma zanga muito grande”, de “um descontrolo absoluto” sobre si própria. “Não sabia onde punha os braços e as pernas, tudo parecia não fazer parte de mim”. Por seu lado, Miguel fala de “entusiasmo e alegria”, de “uma imensa vontade de crescer”, de um período repleto de música, muita dela vinda do universo dos musicais, cujo lado exagerado e épico o interessava.

Mas tudo isso lhes aconteceu há mais de uma década e não lhes interessava apostar num projecto meramente nostálgico. Por isso iniciaram um processo de pesquisa vasto, longo e diversificado.

Fizeram entrevistas individuais com rapazes e raparigas, organizaram cursos de criação de diários em vários formatos e ainda uma oficina de escrita de canções. Levaram os especialistas neste tema, os próprios adolescentes, a falar com especialistas mais ortodoxos (psicólogos ou antropólogos) em palestras a que deram o nome de “O que se passa comigo?”. Entraram de rompante por escolas secundárias, com pequenas peças a que chamaram “mini-provocações portáteis”, e que serviam de aquecimento para momentos de reflexão partilhados com os alunos sobre a adolescência.

Há um ano, em Março de 2017, uma actriz entrava pela porta de uma sala de aula da Escola Secundária Luís de Freitas Branco, em Paço de Arcos, com uma gabardina e uma mala a tiracolo. Parecia insegura, desconfortável, sob o olhar de uma turma inteira. “É cedo, não é?” Arrancava assim um monólogo inteiramente composto por um batalhão de perguntas: “Quem é que nunca pensou ‘tenho de causar uma boa impressão?’ E se eu chorar? E se me virem chorar? E se eu for a única vestida assim? Será que estou apaixonada? E se nunca descobrir a minha vocação? Quem é que nunca desejou simplesmente desaparecer?”

No final, Miguel e Inês tomavam o lugar da actriz, junto ao quadro da sala. As perguntas continuavam, mas desta vez abrindo espaço para discussões amplas sobre o período que os alunos estão a viver na pele, e que passavam também pelo preenchimento de um inquérito com outras tantas questões.

No final, acumularam mais de 500 inquéritos, com respostas a perguntas como “Que adulto é que não queres ser?” ou “Se numa festa houvesse uma mesa de adultos e outra de crianças, em qual te sentavas?” Aperceberam-se, através deles, que apesar da diversidade de atitudes, conseguiam esboçar duas tendências sobre a forma de enfrentar este período – na verdade, aquilo que já tinham sentido através da das suas próprias experiências.

Se por um lado, existem “aqueles que sentem que a adolescência é uma fase difícil e que tem de ser vivida depressa para acabar”, noutro espectro estão “os que acham que é a melhor fase da vida, que tem de ser vivida com imensa alegria e aproveitada ao máximo”, concretiza Miguel. Ou seja, os que descrevem esta fase com palavras como “caos”, “confusão”, “desequilíbrio” e aqueles que preferem usar palavras como “noitadas” ou “álcool”.

Por fim, ainda abriram parte do processo criativo ao olhar de um grupo de cerca de 15 adolescentes, que assistiram a alguns ensaios e colaboraram na comunicação do espectáculo. “Interessou-nos ir conhecendo, percebendo, traçando uma perspectiva geral, claro, um bocadinho mais de cima, mas ir mesmo ao encontro da individualidade”, defende Miguel.

“Não mandas em mim”

A música arranca e os quatro actores disputam o microfone situado à frente do palco. Uma actriz de quase 50 anos dá corpo a uma rapariga de 16, que escreve o seu diário secreto nos anos 1970. Um actor de 35 é um rapaz alemão de 20, que escreve um diário no ano 2000. Uma outra actriz, de 37 anos, é uma rapariga de 13, que começa um diário no final da década de 1980. Por fim, um actor de 20 anos dá vida a um rapaz de 18, que escreve num blogue neste preciso momento.

Em palco, misturam-se idades, pontos de vista, experiências, gerações, os acontecimentos exteriores, como o 25 de Abril de 1974 ou a queda do muro de Berlim, ecoam intimamente. As revelações deixam de estar reservadas às páginas de um diário, são contadas e cantadas em cena: a adolescência exibe-se, como intervalo de contradições e de incógnitas.

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Miguel Fragata e Inês Barahona iniciaram o processo de pesquisa deste espectáculo no final de 2016. Recolheram diários, visitaram escolas secundárias, organizaram cursos e palestras, tudo para perceber como são os adolescentes do nosso tempo Miguel Manso

“A juventude sempre foi uma categoria bastante volátil”, afirma Lia Pappamikail, socióloga do Observatório Permanente da Juventude do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Precisamente por ser “de definição complexa”. “As fronteiras do que é ser jovem, a partir de quando se é e quando se deixa de ser são cultural, histórica e civilizacionalmente definidas.”

“O que eu guardo da minha adolescência?” Para além daquilo que escreveu nos seus diários, Catarina Medina refere uma “ideia de rebeldia”, a vontade “de questionar tudo, de querer dar a minha opinião sobre tudo”. Lembra-se de estar sempre de braço no ar nas aulas. “Vai mesmo cair nos lugares-comuns”, assume. Aquilo que Fátima Gomes encontra nos seus diários e na sua experiência enquanto jovem vai ao encontro disto, mas prefere resumi-lo com o valor que mais aprecia: a liberdade.

Inês Barahona, por seu lado, destaca uma sensação de desequilíbrio: “Estamos a apontar-nos para o futuro e ao mesmo tempo a quer libertar-nos do que está para trás”. “São avanços e recuos”, acrescenta Miguel Fragata.

“Quando pensamos em adolescência, pensamo-la em contraste com as características que associamos à idade adulta, mas nem a idade adulta é necessariamente adulta nem a adolescência é necessariamente imatura,” defende Pappamikail. “Não pode ser tomado por uma regra, o que não quer dizer que os próprios jovens não reconheçam esses estereótipos que estão em todo o lado”, afirma a investigadora.

“A coisa mais interessante de reler o diário é recordar-me de como é que eu era e do que ficou, as características que me definem ainda hoje”, confessa Catarina Medina. Para si, não é possível catalogar todos os estereótipos associados à juventude, ora a irascibilidade e o comportamento errático, ora uma certa fleuma – que de forma irónica acabam por marcar presença em Montanha-Russa – como sendo verdades universais. Até porque os comportamentos são condicionados pelo contexto económico, cultural e social em que cada um vive. Mas considera que os lugares comuns têm razão de ser. “A maior parte dos meus amigos passaram por todos esses estados de espírito e faz sentido que assim seja porque estás a experimentar uma série de coisas novas. Vais reclamar o teu espaço, vais fazer barulho e vais procurar o confronto.”

Aos 35 anos, e num trabalho onde acaba por ter de lidar com públicos juvenis, Catarina refere que aquilo que lhe interessa é não perder o olhar dessa época, “um olhar que se deslumbra e que não faz um julgamento rápido”. Até porque “ideias como ‘não mandas em mim’ e ‘não me compreendes’, que estavam no repertório de toda a gente, acompanhados por uma porta bruta a fechar, têm mais que se lhe diga.”

Lia Pappamikail gosta de dar o exemplo de uma mãe com quem se cruzou a propósito da sua tese de doutoramento, e que lhe disse que a pior coisa que podia fazer a um adolescente era não o reconhecer enquanto indivíduo. “A mãe podia dizer: ‘ah, isso são coisas de miúdas, está triste, chateou-se com uma amiga’. Mas para ela aquilo é real, porque está a viver aquilo pela primeira vez”, refere a socióloga. “Nós sabemos que vamos ter muitos desgostos com amigos, namorados, mas naquele momento para ela é real e eu devo respeitar o que ela está a viver.”

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A actriz Anabela Almeida e a vocalista do Clã Manuela Azevedo, que também participa em Montanha-Russa Miguel Manso

O pressuposto passa por, como Inês e Miguel procuraram fazer, colocar-se no papel do outro, diz Pappamikail. Na juventude começamos a tentar responder à questão primordial, a pergunta que todos nos fazem: quem és tu? “E eu respondo: quem é que eu sou? Também não sei, tenho de experimentar.”

“Não quer dizer que os seres humanos nas sociedades de hoje não estejam permanentemente a descobrir-se a responder à pergunta ‘Quem sou eu?’ Pelo contrário. Essa ideia de que chegamos à vida adulta e que chegamos ao pináculo do ser não é actual. A grande diferença em relação à adolescência é que não estou a viver isso pela primeira vez, já levo uma mochilinha com algum peso para conseguir lidar com isso”, argumenta a socióloga.

Curiosamente, a mais equilibrada das personagens de Montanha-Russa, aquela que aparenta ter os objectivos mais definidos, é também a que é interpretada pelo mais novo dos actores, Bernardo Lobo Faria – e a única que conta a sua história a partir da actualidade. “Queríamos que ele fosse o representante dos adolescentes no palco”, explicam os criadores. Bernardo é uma personagem em busca de alguma coisa, uma demanda de uma serena intensidade.

A experiência dos dois criadores no contacto com rapazes e raparigas mais novos levou-os a concluir que os adolescentes de hoje estão muito mais abertos em relação ao presente. “Vivemos nesta época que é a do instantâneo, do rápido, da coisa que tem de ser vivida rápida e sofregamente”, diz Miguel. “E é essa urgência, quase essa fatalidade, que está muito presente na personagem, mas que também é um retrato muito honesto em relação aquilo que é a vida do homem moderno.”

“O Bernardo vai à procura e sentimos que os jovens estão muito assim”, diz Inês. “Estamos todos, não é?”, interrompe Miguel.

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