Moção de Rio vai apontar um modelo de social-democracia renovada

Documento tem como objectivo recentrar o PSD sem fazer uma reversão ideológica, garante David Justino.

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Moção de Rui Rio é apresentada em Leiria Adriano Miranda

Rui Rio apresentará esta quarta-feira à tarde, em Leiria, a moção estratégia da sua candidatura à liderança do PSD. É um documento de 30 páginas A4, sem medidas concretas, mas com uma missão: "Definir um rumo e um propósito, dizer para onde vamos e por onde vamos", explica ao PÚBLICO David Justino, o ex-ministro da Educação e assessor de Cavaco Silva que coordenou a redacção da moção.

"A parte mais interessante que se nos colocou foi a análise dos desafios que se colocam às sociedades modernas e a partir daí saber qual era a nossa posição e ir definindo prioridades", diz Justino, antecipando alguns exemplos dos sete grandes temas a abordar no documento: globalização, quadro demográfico, alterações climáticas e desequilíbrios ambientais.

"Todos estes desafios convergem para duas ideias fundamentais", antecipa o coordenador da moção: "A ideia de que precisamos de um Estado que não é mais pequeno nem maior e a ideia de que temos de reposicionar politicamente o PSD face aos quadros de radicalização que há um pouco por todo o lado, quer à esquerda, quer à direita". Um PSD mais ao centro (diferente de um Bloco Central) é, na verdade, o que vêm pedindo aqueles que estão a apoiar Rui Rio, como Nuno Morais Sarmento ou Manuela Ferreira Leite.

Tudo isto será feito, no entanto, sem "fazer uma reversão ideológica" e sem voltar "ao velho paradigma da social-democracia". David Justino fala, antes, em construir "um modelo de social-democracia renovada" no qual não há liberdade sem desenvolvimento e bem-estar das populações, e no qual o conhecimento, as qualificações e a inovação são valorizados e o equilíbrio do território surge como uma prioridade

David Justino diz que mais do que apresentar medidas concretas ou benchmarks, o objectivo definido pela equipa que redigiu a moção estratégica de Rui Rio foi adoptar uma nova linguagem que abandonasse o politiquês e os anglicismos. "Abandonámos isso tudo", assume, com orgulho. "O PSD tem de saber o que quer, definir perante os portugueses como se posiciona e qual é a sua estratégia para ganhar as legislativas e as europeias".

A preocupação com as finanças públicas, essa, está na moção. "Queremos finanças equilibradas, mas vamos centrar toda a política mais na dívida do que no défice. Tem de haver gestão da dívida e políticas orientadas para a sua diminuição", explica.

Esta tarde, em Leiria, Rui Rio não estará sozinho. David Justino, Tiago Moreira de Sá, Salvador Malheiro e Fernando Alexandre são algumas personalidades que, tal como o candidato, falarão aos presentes sobre as questões mais ou menos sectoriais da moção, do ambiente à Europa, passando pela economia e pelo Estado. Houve ainda outras contribuições, "até de pessoas que não são do PSD", conta David Justino. As ideias que chegaram à candidatura, por e-mail e não só, "davam para escrever dois programas de Governo". Mas para chegar aí Rui Rio ainda tem de ganhar as eleições internas de dia 13 de Janeiro.

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