Ameaça de bomba em cidade alemã era falso alarme

A ameaça surgiu depois de o município da cidade de Gaggenau ter cancelado um comício do ministro dos Negócios Estrangeiros turco.

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O edifício da câmara municipal de Gaggenau, no distrito de Rastatt, na Alemanha, foi evacuado na manhã de sexta-feira devido a uma ameaça de bomba com base numa chamada anónima. As autoridades estiveram horas no local e declararam que se tratava de um falso alarme, escreve o site da revista alemã Der Spiegel. A ameaça surgiu depois de a visita do ministro da Justiça turco, Bekir Bozdag, ter sido cancelada, avança a agência Reuters. 

O discurso do governante turco inseria-se na campanha pela introdução de alterações à Constituição turca, alterações essas que darão mais poder ao Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, através de um referendo agendado para Abril.

"Não sabemos quão séria é esta ameaça", admitiu à imprensa o presidente da câmara da cidade alemã, Michael Pfeiffer, no início da manhã, já com as autoridades no terreno.

A cidade alemã de Colónia tinha previsto um evento semelhante para este sábado, com a presença do ministro da Economia turco, Nihat Zeybekçi, que foi também cancelado. Os cancelamentos foram criticado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlüt Çavusoglu, que pediu uma reunião com o embaixador alemão na capital turca. O ministro dos Negócios Estrangeiros enviou, através de declarações aos jornalistas, um recado à Alemanha, afirmando que esta devia "aprender a comportar-se".

A câmara de Gaggenau, no Estado federado de Baden-Württemberg, no Sul da Alemanha, justificou a decisão do cancelamento do discurso do político turco através de um comunicado, invocando que o número de visitantes esperados era superior às infra-estruturas disponíveis e por isso, por razões de segurança, não poderia ser realizado, não apresentando um local alternativo para a realização do encontro.

"Devido ao facto de o evento ter despertado interesse além das fronteiras da região, a cidade conta com uma grande afluência de público, perante a qual o espaço do pavilhão de Bad Rotenfels, os parques de estacionamento e os acessos são insuficientes", argumentou a autarquia.

A proibição surge no meio de fortes tensões entre os dois países, depois de o Governo turco ter detido o jornalista alemão (com dupla nacionalidade turca), Deniz Yücel, correspondente na Turquia do jornal alemão Die Welt. O jornalista é acusado de fazer propaganda ao terrorismo e de apear ao ódio. A oposição turca e as organizações defensoras dos direitos humanos, como a Amnistia Internacional, condenam a detenção do jornalista, que consideram ser um ataque à liberdade de expressão, cita o The Guardian.

O Governo alemão reagiu esta sexta-feira, já depois da falsa ameaça de bomba, negando o seu envolvimento na decisão de proibir o evento previsto com o governante turco. De acordo com o porta-voz do Governo alemão, Martin Schaefer, foi uma decisão exclusiva do governo local, sobre a qual o governo não tem qualquer poder legal ou influência, cita a Reuters.

O porta-voz acrescentou ainda que o encontro entre o embaixador alemão na Turquia com o ministro dos Negócios Estrangeiros turcos foi discutido num tom "sério, mas amigável" e que a Alemanha se iria esforçar por manter um diálogo aberto, apesar do actual contexto de tensão entre os dois países.

Os dois países agendaram um encontro para o dia 8 de Março.

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