Accionistas do BPI reúnem-se a 23 de Novembro para votar venda de 2% do BFA

Alienação ditará fim do controlo sobre o banco angolano.

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AFP/MIGUEL RIOPA

A assembleia-geral do BPI em que os accionistas vão decidir a venda, ou não, de 2% do Banco de Fomento Angola (BFA) à operadora angolana Unitel será realizada a 23 de Novembro, de acordo com convocatória hoje publicada no Portal da Justiça.

A reunião magna sobre a alienação de parte da participação do BPI no BFA, que a concretizar-se significa que o banco português deixa de controlar o banco em Angola, passando esse controlo para a empresa de Isabel dos Santos, foi marcada para as 16:00 de 23 de Novembro na Casa da Música, no Porto.

Após essa assembleia-geral, pelas 17h30, será realizada uma outra em que os accionistas irão votar os nomes dos novos membros do Conselho de Administração, para fazer face às saídas de António Domingues - que passou a liderar a Caixa Geral de Depósitos (CGD) desde o final de agosto - e de Edgar Alves Ferreira. Para esses lugares é sugerida a cooptação de Gonzalo Rotaeche e Pablo Calderón, ambos do espanhol Caixabank, accionista maioritário do BPI.

A segunda reunião de accionistas servirá ainda para, segundo a convocatória, fazer alterações nos estatutos do banco, nos "n.3 e n.4 do artigo 10" e nos "n.1 e n.2 do artigo 21º". Estes pontos dos estatutos dizem respeito à composição dos órgãos sociais, mas não são adiantadas as alterações em causa.

A venda de 2% do BFA à Unitel foi acordada em Setembro por 28 milhões de euros entre a administração do BPI, liderada por Artur Santos Silva e Fernando Ulrich, e a Unitel. Actualmente, o BPI tem 50,1% do BFA e a Unitel -- empresa controlada pela empresária angolana Isabel dos Santos -- 49,9%, pelo que com a venda, a Unitel passará a controlar o banco angolano.

Em contrapartida, a Santoro (empresa também de Isabel dos Santos, segunda maior accionista do BPI a seguir ao CaixaBank) permitiu o fim do limite de votos no BPI, abrindo caminho ao controlo definitivo do BPI pelo Caixabank.

A alienação de parte do BFA pelo BPI, ao passar o controlo do banco para a empresa angolana, tem também em vista resolver a situação de ultrapassagem do limite dos grandes riscos impostos pelo Banco Central Europeu relativamente à exposição do banco português a Angola.

O BPI está actualmente num processo de Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre 100% do seu capital, lançado pelo principal accionista, o Caixabank, que oferece 1,134 euros por acção, um valor que um grupo de pequenos acionistas já disse não ser suficiente, pelo que espera que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) nomeie um auditor independente para fixar um preço justo.

O BPI tem como principais accionistas o grupo espanhol Caixabank, que detém cerca de 45% do capital social, e a angolana Santoro, com 18,6%, os quais se relacionam com os 2,28% que o Banco BIC tem no BPI, uma vez que ambas as empresas têm Isabel dos Santos como accionista de referência. Já a seguradora Allianz tem 8,4% e a família Violas 2,68%.

O banco apresentou a semana passada lucros de 182,9 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, mais 21,2% do que no mesmo período do ano passado, sendo que para esse resultado contribuiu sobretudo a actividade internacional (onde se inclui a operação em Angola) com 125,4 milhões de euros, mais 13,3 milhões do que no período homólogo de 2015, tendo a actividade doméstica contribuído com 57,5 milhões de euros, neste caso mais 18,6 milhões do que até Setembro de 2015.

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