Unidade do Exército iraquiano anuncia ter entrado em Mossul

Forças do serviço de contraterrorismo chegaram a um bairro na entrada leste da cidade. Ofensiva para tomar cidade começou há duas semanas.

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Forças do Exército iraquiano entram numa localidade nos arredores de Mossul Ahmed Jadallah/Reuters

Militares do serviço de contraterrorismo do Exército iraquiano anunciaram ter entrado nesta segunda-feira num bairro do Leste de Mossul, naquela que é a primeira incursão no perímetro urbano desde o início, há já duas semanas, da ofensiva para reconquistar a cidade aos jihadistas do dito Estado Islâmico.

“Eles estão já a lutar no bairro de Karama”, disse à Reuters o general Wissam Araji, responsável por uma das duas unidades de elite do Exército iraquiano envolvidas na ofensiva. O responsável não adiantou se a zona é habitada, ou se os militares enfrentaram grande resistência no avanço – será já dentro de Mossul que a batalha se anuncia mais feroz, temendo-se que os radicais recorram a tácticas de guerrilha urbana ou usem civis como escudos humanos para travar o avanço das tropas. Revelou apenas que os militares vão suster os avanços, esperando ser alcançados pelas outras unidades do Exército que os acompanham na ofensiva.

Horas antes, um outro oficial da unidade, o tenente-coronel Bartalla Muntadhar al-Shimmari, dizia à AFP que faltava apenas aos militares tomar duas pequenas aldeias na planície que circunda Mossul para entrarem na cidade. Nas duas localidades, Bazwaya e Gogjali, restavam somente “um punhado de civis”, de uma minoria étnica que habita a região.

O avanço foi anunciado poucas horas após as várias forças envolvidas na operação terem retomado as acções ofensivas, depois de uma pausa durante o fim-de-semana para “consolidar” os ganhos conseguidos desde o início da ofensiva, a 17 de Outubro.

O que está em jogo em Mossul?

À unidade de contraterrorismo, que avança vinda de leste, juntam-se as forças curdas (peshmergas) nas frentes norte e Leste, e as forças de intervenção rápida do Ministério do Interior que vêm de sul pelo vale do rio Tigre.

Sábado juntou-se à ofensiva a milícia de Mobilização Popular, um grupo criado em 2014 para agregar vários grupos armados xiitas e que responde directamente perante o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi. Ao contrário das outras forças, não está previsto que entrem dentro de Mossul, uma cidade de maioria sunita, mas desde sábado que avançam na frente oeste da cidade, com o objectivo de cortar as ligações à fronteira síria e, dali a Raqqa, que os jihadistas consideram como a capital do seu “califado”. 

Apesar dos avanços, mais rápidos do que se chegou a anunciar, quer o Governo iraquiano, quer a coligação internacional que apoia a ofensiva – do ar e com conselheiros militares em terra – assumem que esta será uma batalha longa e sem um desfecho garantido. E, não obstante as promessas de que tentarão proteger os civis na linha de fogo, as Nações Unidas já avisaram que os jihadistas mantêm cativas milhares de famílias para as usar como escudos humanos.

A batalha de Mossul, por Bernard-Henri Lévy

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