Dias depois da passagem do furacão Matthew, ainda se faz o balanço da destruição no Haiti, que promete agravar nos próximos dias. Foram contabilizados quase 900 mortos e pelo menos 1,3 milhões de pessoas foram afectadas de alguma forma pelas fortes chuvas e ventos violentos do início da semana.

De acordo com a directora da Protecção Civil, Marie-Alta Jean Baptiste, morreram 319 pessoas nas regiões do Sul do país, mais afectadas pelo furacão. Porém, é a própria responsável a alertar que este é um balanço provisório. “Somos muito prudentes em relação a certos números que se vêem a circular sem que se saiba quem os divulga e sem que se conheçam quaisquer detalhes sobre as circunstâncias das mortes”, disse Jean-Baptiste à AFP. As autoridades dizem que não podem fornecer informações definitivas antes de quarta-feira.

O balanço independente feito pela Reuters aponta para um número bem diferente – pelo menos 877 mortos. Os ventos fortes e as chuvas torrenciais deixaram 750 mil pessoas a precisar de ajuda humanitária, revelou o Gabinete de Assuntos Humanitários das Nações Unidas. Cerca de 61 mil pessoas estão em abrigos temporários. Calcula-se que em Jérémie, cidade de 30 mil habitantes e capital da região do Grande Anse, entre 80% e 90% das casas tenham sido destruídas. Cerca de 1,6 milhões de casas e empresas continuam sem electricidade.

Há relatos de aldeias costeiras arrasadas totalmente, com as casas a serem destruídas por árvores. Foi o que aconteceu à casa de Jean-Pierre Jean Donald, um motorista de 27 anos, casado e com uma filha de um ano. “As pessoas vieram para limpar os destroços e foi então que vimos a minha mulher que tinha morrido naquele sítio”, disse o homem à Reuters. Ao seu lado estava a filha, a chorar.

A UNICEF diz ainda que 175 escolas tenham sofrido algum tipo de danos, podendo afectar as cerca de 500 mil crianças que moram no sul do Haiti.