Solução para o Metro Mondego depende de novo estudo que deve ficar concluído até Janeiro

Governo remete condiciona decisão sobre o sistema de mobilidade aos resultados do trabalho do LNEC.

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Projecto do Metro Mondego está parado há cinco anos Nelson Garrido

Ao fim de cinco anos de suspensão, o processo do Metro Mondego pode conhecer desenvolvimentos. Os autarcas de Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo aguardam até ao final de Janeiro de 2017, quando deverá ser conhecido um estudo sobre a solução para aquele sistema de mobilidade.

O estudo, encomendado ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil, terá como fim “apontar clara e objectivamente” uma “solução de mobilidade para a região”, afirma Luís Antunes, presidente do município da Lousã.

Aos jornalistas, no final da assembleia geral da Sociedade Metro Mondego (SMM), o autarca, que é também presidente da mesa da assembleia geral da SMM, explicou que a representante do Estado no plenário espera pelo resultado do estudo do LNEC para optar por uma solução.

O Sistema de Mobilidade do Mondego foi inicialmente projectado como um metro ligeiro de superfície, mas a solução do BRT (bus rapid transit) tem sido apontada como uma das possibilidades para ligar Lousã a Coimbra e a beira-rio da cidade aos hospitais.

O estudo deverá concluir sobre o tipo de transporte, sobre a questão financeira, os prazos de concretização e os fundos que poderão ser mobilizados, disse o autarca. Do documento elaborado pelo LNEC também depende a recomposição dos órgãos sociais da Sociedade Metro Mondego, referiu.

Já o autarca de Coimbra aponta para a necessidade de o estudo ficar concluído ainda antes do fim deste ano, para que o projecto seja tido em conta na reprogramação do programa Portugal 2020. Manuel Machado refere que “os trabalhos técnicos de reprogramação do Portugal 2020 começam agora em Setembro” e que seria importante aproveitar o financiamento para que a construção de um sistema de mobilidade na região não seja novamente adiada.

 “O Metro Mondego não transporta ninguém, não está instalado, não há apeadeiros, só há paragens no processo”, lamenta, lembrando que já foram gastos “mais de 100 milhões deu euros” na operação.

O também presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses deseja que o trabalho do LNEC seja “o último estudo” e que permita “que as várias entidades envolvidas fiquem cientes da importância desta operação e reúna os mecanismos necessários à mobilização dos financiamentos indispensáveis”. Entre 1996 e este ano foram realizados 97 estudos e projectos de execução sobre o Metro Mondego.

Questionado pelos jornalistas sobre a hipótese de, em Janeiro, o processo voltar a ter desenvolvimentos, Luís Antunes disse que os autarcas “estão de boa fé” e que não perspectiva “outra coisa que não seja o cumprimento dos prazos e dos pressupostos” acordados na assembleia desta terça-feira.

Esta assembleia geral já tinha sido adiada por duas vezes, a primeira em Maio, a segunda em Junho. A imposição partiu do acionista Estado, que detém a maioria das participações, alegando falta de condições para deliberar.

A Sociedade Metro Mondego fez em Maio 20 anos. As obras para a construção do metro chegaram a arrancar, tendo para isso sido demolidos vários edifícios na Baixa de Coimbra e suprimido o Ramal da Lousã, substituído por um serviço de autocarros. Em 2011, o ministro dos assuntos parlamentares, Miguel Relvas, afirmava que o projecto do metro estava suspenso e que a extinção da SMM estava a ser avaliada. A linha centenária da CP nunca chegou a ser reposta.

Na reunião dos accionistas da Metro foi ainda aprovada por unanimidade o protocolo entre a sociedade e o município de Coimbra para a abertura da Via Central.

Em Fevereiro deste ano, a autarquia disponibilizou-se a levar a cabo os trabalhos nos terrenos resultantes das demolições na Baixa, por onde passaria o metro, com a pretexto de facilitar a sua eventual instalação e resolver o “buraco” aberto no centro da cidade. O projecto foi aprovado na reunião de executivo, mas faltava o aval da SMM, proprietária dos terrenos. O lançamento do concurso público para a intervenção está ainda dependente da luz verde da Agência Portuguesa do Ambiente.

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