Os árbitros, afinal, também levam “cartão vermelho"

Continua a polémica em torno da influência do Estado russo. Desta vez, no boxe.

Foto
O boxe olímpico está envolto em polémica PETER CZIBORRA/Reuters

Vários juízes e árbitros de boxe foram expulsos da competição dos Jogos Olímpicos, após “menos de uma mão cheia de decisões não terem estado ao nível desejado”. Não se sabe se foram duas, três ou quatro decisões erradas, mas o certo é que a Associação Internacional de Boxe Amador (AIBA) – entidade que organiza o torneio do Rio 2016 – foi implacável para com juízes que erraram.

Esta polémica surge poucas horas depois de o atleta irlandês Michael Conlan, derrotado pelo russo Vladimir Nikitin, no torneio de boxe, ter lançado a suspeita de corrupção e de haver árbitros a errar propositadamente. A nacionalidade de Nikitin não passou em claro a Conlan e a influência do Estado russo volta à ordem do dia, no Rio de Janeiro.

“Olá, Vlad [Vladimir Putin]. Quanto é que eles [árbitros] te cobraram, 'mano'?”. Num tom mordaz e bastante crítico, o atleta irlandês escreveu esta frase no canal de twitter do presidente russo e a polémica já está a correr mundo. O lutador irlandês chegou mesmo a dizer, em directo, nas televisões, que nunca mais lutará numa competição organizada pela AIBA.

A fúria dos irlandeses não fica por aqui. Também o treinador irlandês Billy Walsh se juntou ao coro de críticas, depois do “seu” lutador, Garry Russel, ter sido afastado das medalhas, depois de uma decisão controversa do árbitro do combate. “O julgamento [do árbitro] foi atroz”, disse Walsh, que acrescentou: “A última vez que vi algo tão mau foi em Seul 1988, quando o Roy Jones foi ‘roubado’ na final”. Este “roubo” refere-se ao momento em que Jones perdeu com o atleta da “casa” Park Si-hun, apesar de ter dominado todo o combate.

Os juízes também estiveram na berlinda, no Rio de Janeiro, no combate em que o público vaiou a decisão de atribuir a vitória a Evgeny Tischenko e não ao cazaque Vassilliy Levit. Segundo os relatos dos especialistas, Levit foi mais forte em todo o combate e merecia a vitória. Mais uma vez, a decisão pendeu a favor de um russo, o que também terá contribuído para a ira do público.

Alimenta-se, desta forma, a polémica em torno das arbitragens de boxe, que, devido à subjectividade e "liberdade" deliberativa atribuídas aos árbitros, continua a dar que falar. 

A AIBA garantiu que “não será intimidada por comentários subjectivos das partes descontentes” e que vai “usar todos os meios jurídicos e disciplinares para proteger o desporto e a comunidade de juízes e árbitros”. Terminou, desafiando: “Recebemos, com prazer, quem se adiantar a mostrar provas, com vista a tomarmos acções apropriadas e imediatas.

Com ou sem defesa da AIBA aos seus árbitros e juízes, o facto é que alguns viram “cartão vermelho” e foram excluídos da competição de boxe, no Rio 2016.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários