Conselho de Segurança da ONU inicia processo de escolha do novo secretário-geral

Quinta-feira realiza-se a primeira de várias votações secretas. Para eleger Ban Ki-moon foram precisas cinco. Poderão surgir as primeiras desistências.

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António Guterres Mike Segar/Reuters

As Nações Unidas começam esta quinta-feira o processo, que poderá ser longo, para a escolha do novo secretário-geral, que substituirá o sul-coreano Ban Ki-moon em Janeiro de 2017. No Conselho de Segurança, tem lugar uma primeira votação aos 12 candidatos. O resultado é secreto.

Durante a votação, cada um dos 15 membros do Conselhode Segurança vai ser solicitado para indicar se "encoraja", "desencoraja" ou "não tem opinião" sobre os candidatos. O resultado só será transmitido aos candidatos, esperando-se que surjam desistências devido à falta de apoio.

"Dependendo dos resultados desta primeira votação, pode ser realizada uma segunda antes do final do mês. Também são esperadas várias reuniões informais com os candidatos", explica a organização. Para eleger Ban Ki-moon, foram precisas cinco votações. O anuncio oficial do novo secretário-geral deverá ser feita no início do Outono.

Dos 12 candidatos ao cargo, metade são mulheres - há uma forte pressão na organização para que, pela primeira vez, exista uma secretária-geral. Ainda asim, há homens entre os que são considerados favoritos: o antigo primeiro-ministro português e ex-alto comissário para os Refugiados, António Guterres; a ministra dos Negócios Estrangeiros da Argentina, Susana Malcorra; a ex-hefe do governo neozelandês e dirigente do Programa da ONU para o Desenvolvimento, Helen Clark; a ex-ministra dos Negócios Estrangeiros búlgara e diretora da UNESCO, Irina Bokova.

Na semana passada, Guterres participou no primeiro debate entre candidatos, uma iniciativa inédita na História da organização que adoptou este ano um novo modelo para a apresentação e selecção dos candidatos, respondendo a pressões internas e externas para tornar o processo mais aberto ao escrutínio do publico. Antes deste debate, já se tinha realizado uma entrevista.

No debate, Guterres defendeu a reforma do Conselho de Segurança (ressalvando que não é uma competência do secretário-geral), a paridade de género nas nomeações na organização e comprometeu-se com uma liderança "sólida" - o cargo deve ser um "símbolo de unidade", disse - para "combater, e derrotar, o populismo político, o racismo e a xenofobia."

Apesar desta transparência, na prática o processo de escolha continua igual ao que era: em reuniões à porta fechada, o Conselho de Segurança aprovará um nome, tendo os cinco membros permanentes (Estados Unidos da América, Reino Unido, Rússia, França e China) direito a veto; esse nome será depois submetido para aprovação à Assembleia Geral. Existem também pressões para que o escolhido venha da Europa de Leste, região que nunca teve um secretário-geral.

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