Lisboetas vão poder escolher o que querem ter na Feira Popular

Câmara apresentou o site que irá recolher a opinião dos lisboetas sobre o que querem ter na nova Feira Popular. As primeiras intervenções avançam ainda antes do final de 2016.

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Criada em 1943, a Feira Popular de Lisboa fechou as portas em 2003 José Caria/PÚBLICO

Foi entre risadas de crianças e com cheiro de pipocas de azoto e algodão doce que o projecto inicial para a Feira Popular de Lisboa foi apresentado, esta quarta-feira, na Casa do Artista, em Lisboa. Treze anos depois de a Feira Popular ter abandonado Entrecampos, o seu regresso, agora em junto à estação de metro da Pontinha, em Carnide, começa a ganhar contornos mais específicos. A discussão do projecto começou há sete meses, com o anúncio do local eleito para a “nova casa da Feira Popular”.

No mesmo dia em que se celebrou o dia da Criança, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa anunciou o lançamento do site que irá recolher a opinião e contribuição dos lisboetas para a nova feira, junto à Avenida Cidade de Praga. “Decidimos fazê-lo neste dia, em homenagem às crianças, uma vez que é tempo de a cidade pagar a dívida às crianças que não puderam beneficiar da Feira Popular”, explicou Fernando Medina.

No entanto, Fernando Medina sublinha que, sendo este um projecto tão querido e aguardado pelos lisboetas, "importa ouvir a população sobre as memórias das antigas feiras populares, bem como o que mais esperam encontrar no novo espaço". Por isso, a partir desta quarta-feira e durante os próximos seis meses, todos poderão participar com sugestões através do site lançado pela Câmara de Lisboa, até que se encontre “a verdadeira alma da Feira Popular”. O que valoriza mais na nova feira, qual o período mais importante ou quais os divertimentos tradicionais que gostaria de ter são algumas das perguntas que a autarquia coloca aos participantes. Além disso, recorda ainda as feiras antigas e as memórias guardadas. E o próprio presidente da câmara registou a sua escolha, numa planta da Feira Popular exposta no pátio da Casa do Artista: Medina quer os tradicionais carrinhos de choque. Entre as restantes sugestões pedem-se paradas diárias de abertura e encerramento, um escorrega aquático, uma casa assombrada, restaurantes para todos os públicos (e todas as carteiras) e há quem peça inspiração ao Jardim Tivoli em Copenhaga, Dinamarca.

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"A Feira Popular é um lugar de afectos, um lugar de memórias, um lugar de encontros." Por isso, Fernando Medina espera "ouvir a opinão das pessoas" e compreender que memórias os avós e pais pretendem recuperar para as crianças. Por isso, o autarca rejeita "a reprodução de uma Disneyland", preferindo reavivar "as tradições mais populares" do espaço de diversões. "Fazer um parque de diversões igual a outros que existem no mundo não faz sentido, não tem alma", defende Medina. "Será um espaço destinado a vários públicos: a quem procura aventura e adrenalina, mas também a famílias, a festas de aniversário e a festas de final de ano lectivo", acrescenta. Nascido no Porto, o autarca não deixa de recordar as suas visitas à Feira de Lisboa, destacando a comida típica das várias zonas do país e o Poço da Morte.

Numa apresentação interrompida por alguns percalços técnicos, o presidente da Câmara de Lisboa aproveitou para, num tom descontraído, garantir: “As obras do Eixo Central estão a correr melhor do que esta apresentação.” Respondia assim às polémicas e críticas da oposição em relação às intervenções na cidade.

Ao PÚBLICO o presidente da câmara voltou a não se comprometer com prazos, mas adianta que “antes do final do ano terão início as primeiras intervenções no terreno”. Contudo, ressalva que esta “é uma obra de grande envergadura” e que, apesar de querer “reabrir a feira o mais depressa possível”, avisa que as obras deverão decorrer durante um período alargado. Sobre o investimento em causa o autarca responde que estão ainda a ser feitos os estudos de mercado e que "este é um projecto em que o fundamental do investimento é de iniciativa privada".

Para já, sabe-se que haverá, de certeza, uma roda gigante no centro da feira e um parque de estacionamento com mais de 1500 lugares, passível ainda de ser expandido. Além disso, o terreno será desnivelado, rebaixado e rodeado de árvores, que funcionarão como uma barreira acústica “para proteger o melhor possível as casas envolventes”. Dados os planos, o autarca avisa que poderá estar em discussão a mudança de nome da estação de metro da Pontinha.

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