Passos prepara-se para fazer mudanças nos órgãos nacionais no congresso de Abril

Sem oposição, líder venceu as eleições directas deste sábado e promete “promover um compromisso reformista”.

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Com 95,02% dos votos, Pedro Passos Coelho vai liderar o PSD por mais dois anos e no horizonte tem dois combates: as eleições regionais dos Açores (em Outubro deste ano) e as autárquicas em 2017, que são encaradas como um teste à sua liderança.

Em oposição interna, Passos Coelho foi eleito sábado nas directas do PSD, em que votaram 22.161 militantes. Estas eleições internas marcam o início de um "novo ciclo na vida política portuguesa". Passos sabe disso e mostra-se empenhado em construir uma alternativa ao Governo de António Costa, que, segundo disse, tem apresentado um programa de reversão, de desfazer, o que o anterior Governo fez, de andar para trás, gerindo de forma populista e facilitista as aspirações dos portugueses".

"O PSD inicia um novo ciclo na vida política portuguesa. Sendo o maior partido português com assento parlamentar, tendo vencido as últimas eleições legislativas, é também o maior partido da oposição, a quem compete fiscalizar o Governo e, na Assembleia da República, promover um compromisso reformista com o país, que foi o que apresentei aos militantes", começou por dizer o líder reconduzido, referindo-se à moção global de orientação estratégica com que se vai apresentar ao congresso do partido. O início do novo ciclo de Passos formaliza-se dentro de três semanas no congresso que o partido tem marcado para os dias 1, 2 e 3 de Abril, em Espinho.

 Sábado à noite, aos jornalistas após a divulgação dos resultados, Pasos garantiu "coesão" interna para construir a "alternativa" ao Governo "populista" do PS com o apoio das esquerdas. E aproveitou para partilhar que o périplo que fez por todo o país ao longo das últimas semanas permitiu "mostrar que o PSD está vibrante, mobilizado e coeso" em torno da liderança.

Sem eleições legislativas no horizonte,  o líder social-democrata já pensa nos desafios que o partido vai enfrentar: as eleições regionais do Açores, daqui a sete meses, e as eleições autárquicas de 2017, para as quais o partido deve preparar-se para "apresentar as melhores candidaturas". É que nas autárquicas de 2013, o PSD perdeu meia cementa de câmaras.

O  principal líder da oposição aproveita os 100 dias de Governo do PS, assinalados sábado, para zurzir na estratégia da goernação, a qual valoriza "aquilo que é mais fácil e mais demagógico". Por oposição - sublinha -, o PSD é um partido que "não quer gerir o dia-a-dia, que não quer nadar para trás, que não quer populisticamente procurar aquilo que é mais fácil ou mais demagógico", mas trazer, com "mais algum esforço, um futuro melhor" para as actuais e futuras gerações.

"O PSD inicia um novo ciclo na vida política portuguesa. Sendo o maior partido português com assento parlamentar, tendo vencido as últimas eleições legislativas, é também o maior partido da oposição, a quem compete fiscalizar o Governo e, na Assembleia da República, promover um compromisso reformista com o país, que foi o que apresentei aos militantes", começou por dizer o líder reconduzido, referindo-se à moção que leva ao congresso.

Eleito pela quarta vez, Passos apresentou-se a eleições com um discurso renovado onde a social-democracia passou a ser a sua bandeira, enterrando a bandeira neoliberal que agitou nos quatro anos de governação com o CDS. Houve muitos sectores do PSD que discordaram da deriva neoliberal que o ex-primeiro-ministro imprimiu no Governo e foram dando sinais do descontentamento.

Com a austeridade colada à pele, Passos Coelho e Paulo Portas seguem caminhos diferentes. Passos mete na gaveta a austeridade e acena com a social-democracia sempre - este é, de resto, o lema do congresso marcado para o primeiro fim de semana de Abril - e Portas retira-se. A sua sucessora na liderança do CDS, Assunção Cristas, já veio dizer que quer o partido a ir a votos sozinho em próximas eleições legislativas.

Aparentemente, Passos vai aproveitar o congresso para mexer no seu inner circle. No partido há quem reclame por renovação profunda nos órgãos nacionais. Uma coisa é o PSD suportar o Governo, num momento difícil para o país, outra é estar na oposição.

O presidente do partido já sinalizou que quer fazer mexidas na direcção do partido, mas a grande expectativa que existe é saber que mudanças é que estão previstas a nível das vice-presidências. Quem sai e quem entra.

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