O Caso Spotlight e A Queda de Wall Street vencem prémios da Guilda dos Argumentistas

Mad Men, Veep e Mr. Robot ganharam nas categorias destinadas às séries televisivas.

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O Caso Spotlight

O argumento que Josh Singer e Tom McCarthy escreveram para O Caso Spotlight, o filme que mostra os bastidores da investigação jornalística que denunciou, em 2002, o escândalo de abusos sexuais generalizados na arquidiocese católica de Boston, venceu o prémio da Guilda dos Argumentistas Americanos (GAA) para melhor argumento original.

Divulgados no sábado à noite em duas cerimónias simultâneas em Los Angeles e Nova Iorque, estes prémios são vistos como a última etapa antes da ansiada noite dos Óscares, e a história mostra que as estatuetas douradas atribuídas pela Academia de Hollywood nas categorias de argumento confirmam frequentemente as anteriores escolhas da Guilda dos Argumentistas.

Realizado por Tom McCarthy e interpretado por Mark Ruffalo, Michael Keaton, Rachel McAdams e Stanley Tucci, O Caso Spotlight vê assim aumentado o seu favoritismo para vencer o Óscar de melhor argumento original – uma das seis categorias, incluindo a de melhor filme, para as quais foi nomeado –, que disputará com A Ponte dos Espiões, de Steven Spielberg, Ex Machina, de Alex Garland, o filme de animação Divertida-Mente (Inside Out), de Pete Docter e Ronnie Del Carmen, e Straight Outta Compton, de F. Gary Gray.

Na categoria de melhor argumento adaptado, a GAA escolheu A Queda de Wall Street, que Adam McKay realizou e co-escreveu com Charles Randolph a partir do livro de Michael Lewis. Também baseado em factos reais, como O Caso Spotlight, o filme está nomeado para cinco Óscares, incluindo o de melhor filme e o de melhor argumento adaptado, categoria em que concorrerá com Brooklyn, de John Crowley, com argumento de Nick Hornby baseado no romance homónimo de Colm Tóibin, Carol, de Todd Haynes, com argumento de Phyllis Nagy, que adaptou o livro de Patricia Highsmith, Perdido em Marte, de Ridley Scott (argumento de Drew Goddard inspirado no romance de Andy Weir) e Quarto, de Lenny Abrahamson, cujo argumento Emma Donoghue escreveu a partir do seu próprio livro.

Olhando-se para os Óscares atribuídos nas categorias de argumento desde 2010, verifica-se que sensivelmente metade das escolhas coincide com os prémios da GAA. Na categoria de argumento original, esta acertou em 2010, 2012 e 2014, e falhou nos anos ímpares. A manter-se este ritmo bienal, os argumentistas de Spotlight podem contar com o Óscar. Já na categoria de argumento adaptado, e no mesmo período, a associação de argumentistas só falhou em 2010 e 2014, pelo que os co-autores do argumento de A Queda de Wall Street também têm bons motivos para acreditar que poderão voltar a subir ao palco na gala dos Óscares.

E se considerarmos um período mais vasto, a capacidade de previsão da Guilda dos Argumentistas revela-se ainda mais alta. Nos últimos 21 anos, acertou em 15 argumentos adaptados e 13 originais. Uma média tanto mais significativa se tivermos em conta que os argumentistas correspondem a apenas seis por cento dos membros da Academia de Hollywood.

Mas se vencer estes prémios aumenta o favoritismo de um filme para ganhar o Óscar correspondente, a coincidência de escolhas não se compara, ainda assim, à que se verifica entre o prémio atribuído pela Guilda dos Realizadores e o Óscar da Academia para a melhor realização. A última vez que não houve sintonia foi em 2002. E se a Guilda dos Realizadores tiver voltado a acertar, como acontece há 12 anos seguidos, será Alejandro G. Iñárritu, o cineasta de O Renascido, a vencer este Óscar, para o qual foram também nomeados os realizadores de O Caso Spotlight e A Queda de Wall Street.

No domínio do cinema, a GAA atribui ainda o prémio para o melhor argumento de documentário – venceu Going Clear: Scientology and the Prison of Belief, escrito e realizado por Alex Gibney –, mas a maior parte das suas categorias destinam-se a séries e programas televisivos.

A última temporada da série Mad Men, centrada numa agência publicitária americana dos anos 60 e exibida em Portugal na RTP2 e na Fox, foi considerada a melhor série dramática, e o prémio para a melhor série de comédia foi atribuído à quarta temporada de Veep, protagonizada por Julia Dreyfus. Mr. Robot, que conta a história de um jovem hacker (Rami Malek) recrutado por um misterioso anarquista (Christian Slater), ganhou na categoria reservada às novas séries. Tanto Mr. Robot como Veep passaram em Portugal no canal TV Séries.

 

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