Líbano e Turquia recebem centenas de combatentes e civis sírios cercados

Cessar-fogo temporário salva pelo menos 150 rebeldes anti-Assad e 350 combatentes fiéis ao regime sírio e civis.

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Retirada de combatentes do grupo Jaish al Fateh das cidades de Fuaa e Kefraya, em território xiita Ammar Abdullah/REUTERS

Centenas de combatentes e civis que estavam encurralados em três cidades da Síria começaram a ser transportados para o Líbano e para a Turquia, através de um corredor aberto ao fim de meses de negociações.

Este acordo de cessar-fogo temporário está longe de ser um sinal de que a sangrenta guerra civil na Síria poderá estar mais perto do fim, mas permite que centenas de pessoas possam receber os cuidados médicos e alimentos de que necessitavam desesperadamente.

Pelo menos 130 combatentes rebeldes anti-Assad, a maioria com ferimentos, começaram a ser levados da cidade de Zabadani para a fronteira com o Líbano, e daí para Beirute – Zabadani, no Sudoeste da Síria, é um dos últimos bastiões dos rebeldes na linha de fronteira com o Líbano, mas o cerco das forças do Exército de Bashar al-Assad já dura há meses.

Entre os que conseguiram sair de Zabadani estão combatentes do grupo islamista Ahrar al-Sham e também militantes de forças rebeldes consideradas mais moderadas – todas elas em guerra contra o Exército de Bashar al-Assad mas também contra os combatentes do autoproclamado Estado Islâmico.

De acordo com os pontos deste cessar-fogo temporário, os combatentes do Ahrar al-Sham e de outros grupos rebeldes têm passagem assegurada para o aeroporto de Beirute, de onde seguirão depois para a Turquia.

Mas ainda não é certo qual será o seu destino depois disso. Segundo as organizações envolvidas na operação (a ONU, a Cruz Vermelha do Líbano e o Crescente Vermelho Árabe Sírio), os combatentes poderão ficar na Turquia depois de receberem cuidados médicos, mas também é possível que voltem a entrar na Síria, para zonas ocupadas pelos rebeldes.

Mais a Norte, na província de Idlib, perto da fronteira com a Turquia, 350 combatentes e civis de duas cidades controladas pelo Exército de Bashar al-Assad começaram a ser levados em segurança para território turco. Kefraya e Fuaa estão ainda sob controlo de Assad, mas há meses que são alvo de intensos ataques de rebeldes sunitas.

Neste caso, o movimento será inverso – chegados à Turquia, os combatentes fiéis a Assad e os civis serão levados de avião para o Líbano, onde os espera ajuda prestada pelo movimento xiita Hezbollah, apoiante do regime de Bashar al-Assad. Depois, voltarão a entrar na Síria, para zonas menos fustigadas por combates, disse ao canal de televisão do Hezbollah o ministro da Reconciliação Nacional da Síria, Ali Haider.

Este cessar-fogo temporário em Zabadani e nas duas cidades da província de Idlib foi inicialmente negociado em Setembro entre o Irão (que apoia Assad) e a Turquia (que apoia os rebeldes) e está a ser verificado pela ONU e acompanhado pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha.

Mas esta e outras tréguas temporárias não travam a violência diária que tem devastado a Síria desde 2011, num conflito que já fez mais de 250.000 mortos. Esta segunda-feira, pelo menos 32 pessoas morreram em duas explosões simultâneas em Homs – no mesmo local onde duas outras explosões simultâneas mataram 16 pessoas, no dia 12 de Dezembro, numa série de ataques cuja autoria foi reivindicada por jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico.

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