Sikhs for Justice nomeia advogado português para evitar extradição de activista indiano

A organização internacional Sikhs for Justice designou o advogado Manuel Luís Ferreira para defender o separatista indiano Paramjeet Singh, detido na sexta-feira no Algarve e cuja extradição é requerida pela Índia.

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Documentação forjada servia para obter legalização junto do SEF Rui Gaudêncio

Fonte ligada ao processo adiantou à agência Lusa que a Sikhs for Justice enviou a Portugal o seu advogado Gurpatwant Singh Pannun para acompanhar na segunda-feira, com Manuel Luís Ferreira, o interrogatório de Paramjeet Singh no Tribunal da Relação de Évora, no âmbito do processo de extradição. A mesma fonte admitiu que a defesa de Paramjeet Singh, conhecido por Pamma, deverá opor-se à extradição, embora sem avançar com mais pormenores. A mulher e os filhos de "Pamma" estavam em Portugal quando ocorreu a detenção do activista indiano pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Revelou ainda à agência Lusa que a Siks for Justice estabeleceu contactos com a Associação de Advogados sem Fronteiras de Língua Portuguesa no sentido de haver uma "cooperação". Esta associação lusófona, ligada à defesa dos direitos humanos, teve um papel relevante no caso que envolveu Luaty Beirão e outros dissidentes angolanos. O advogado Manuel Luís Ferreira tornou-se conhecido internacionalmente por fazer a defesa do alegado terrorista indiano Abu Salem e do cidadão português Jorge dos Santos (nascido norte-americano com o nome de George Wright) em processos de extradição intentados pela Índia e pelos Estados Unidos da América, respectivamente.

No sábado, o jornal indiano Hindustan Times noticiou que o homem detido na sexta-feira, em Portugal, se chama Paramjeet Singh e está ligado a um movimento radical independentista do Punjab, Índia, da região de Kalistan. Segundo a edição "on-line" Hindustan Times, que cita fontes policiais, Paramjeet Singh é acusado pelas autoridades indianas de estar envolvido em atentados à bomba em 2010 em Patiala e Ambala e de ter sido, em 2009, o cérebro do assassínio do líder do movimento nacionalista hindu, o Rashtriya Sikh Sangat.

Pamma, 42 anos, encontrava-se com a sua família num hotel em Portugal quando foi detido na sexta-feira, no âmbito de um mandado de captura internacional emitido pela Interpol. As autoridades portuguesas não tinham revelado a sua identidade. Segundo a polícia, Pamma tem cadastro desde 1992, por crimes menores e é apontado como dirigente de grupos que as autoridades da Índia classificam de terroristas.

Após abandonar a Índia em 1994-95, esteve no Paquistão numerosas vezes e tornou-se o principal financiador do movimento Babbar Khalsa International (BKI), considerado um grupo terrorista pela Índia. Mais tarde, Pamma aliou-se ao chefe do movimento "Tiger Force", Jagtar Singh Tara, com ligações a grupos armados sediados no Paquistão.

Na sexta-feira, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) anunciou a detenção de um homem, no Algarve, que está referenciado como sendo "perigoso e violento", executando um mandato de detenção internacional para extradição pela Interpol.
 

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