Doze manifestantes detidos nas comemorações da independência em Angola

Activistas reivindicavam a demissão do Presidente e a libertação dos 15 detidos em Junho.

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Doze manifestantes foram detidos na quarta-feira em Luanda durante um protesto contra o Governo. Depois de furarem um cordão policial, os membros do Movimento dos Jovens Revolucionários foram levados pelas autoridades e saíram em liberdade esta quinta-feira.

O governo provincial de Luanda tinha proibido as manifestações públicas no dia da celebração dos 40 anos de independência de Angola. Segundo um porta-voz da polícia, Mateus Rodrigues, os manifestantes detidos foram libertados esta quinta-feira, às 14h00, informação confirmada pela agência de notícias AFP junto de Paulo Quissanga, um dos detidos.

Os activistas declaram que segundo a legislação angolana não é necessária autorização para concentrações públicas. “A polícia tem o hábito de reprimir manifestações. Adopta o mesmo comportamento que a antiga polícia colonial portuguesa”, declarou José Luís, um manifestante, à AFP.

O grupo reivindicava a demissão do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, no poder desde 1979, e acusava o Governo de “manobras políticas” para atrasar o julgamento dos 15 activistas detidos em Junho, entre os quais o luso-angolano Luaty Beirão, que terminou recentemente uma greve de fome que se prolongou por 36 dias. Espera-se que o processo, no qual os jovens são acusados de “rebelião e tentativa de golpe” contra o actual Presidente, tenha início na próxima segunda-feira.

Entre os 12 manifestantes libertados esta quinta-feira estavam Raul Mandela e Emiliano Catombela, activistas dos direitos humanos que protestavam contra o discurso em que José Eduardo dos Santos falava sobre o “respeito pelos direitos do Homem e as liberdades fundamentais” em Angola.

O Governo liderado pelo Movimento para a Libertação de Angola (MPLA) é acusado, inclusive pela Organização das Nações Unidas (ONU), de prisões arbitrárias e tortura dos seus opositores.

“A privação de liberdade pelo simples facto de terem defendido a boa governação e exercido o direito à liberdade de expressão e reunião pacífica pode ser considerada arbitrária”, declarou Michel Frost, relator da ONU.

Também um relatório a Amnistia Internacional põe em causa a protecção dos direitos humanos no país. Mulleya Mwananyanda, directora da Amnistia Internacional na África do Sul, declarou recentemente que “o direito dos cidadãos à liberdade de expressão e concentração pacífica foi retirado pelo Estado, determinado a acabar com os dissidentes. Não existe independência sem liberdade”, afirmou.


 

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