Boko Haram anuncia a criação de um estado islâmico no Nordeste da Nigéria

Forças Armadas desvalorizam e dizem que a "soberania territorial está intacta".

Abubakar Shekau num vídeo divulgado em Abril a congratular o Estado Islâmico
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Abubakar Shekau num vídeo divulgado em Abril a congratular o Estado Islâmico
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O grupo Boko Haram anunciou a criação de um estado islâmico na região que controla no Nordeste da Nigéria. A notícia é dada num vídeo de 53 minutos em que o líder do grupo, Abubakar Shekau, dá os parabéns aos guerrilheiros que, no início de Agosto, conquistaram a cidade de Gwoza.

Da parte do Governo nigeriano dirigido pelo Presidente Goodluck Jonathan só as forças armadas reagiram a este anúncio, com um porta-voz, Chris Olukolade, a desvalorizar a declaração de Shekau. "A soberania territorial da Nigéria está intacta", disse o porta-voz.

A verdade é que não está e que desde 2009, quando começou a sua campanha armada, o Boko Haram progrediu no terreno. Neste ano, alargou a sua ofensiva à capital nigeriana, com atentados em zonas de grande movimento e um ataque contra a representação das Nações Unidas na cidade.

"Agradecemos a Alá por nos ter dado esta vitória em Gwoza e por ter tornado [a cidade] parte do nosso estado islâmico", diz Abubakar Shekau no vídeo que, a dado momento, mostra um grupo de cerca de 20 pessoas vestidas à civil a serem executadas.

Não há indicação sobre quem serão as vítimas. O que se sabe é que, na semana passada, 35 polícias desapareceram em LIman Kara, junto a Gwoza.

A campanha armada do Boko Haram afecta três milhões de pessoas (a conquista de Gwoza arrastou mais 265 mil pessoas para dentro desta bolsa islamista), estando por determinar o número de deslocados (os que fugiram devido à aproximação dos combatentes).

Antes da campanha armada de conquista territorial, o grupo assumia-se como uma organização contra a educação ocidental (Boko Haram quer dizer 'a educação ocidental é proibida') e esse foi o argumento usado para o rapto, em Abril, de 200 raparigas de uma escola cristã no estado de Borno. A seita foi fundada em 2001 por Mohammed Yusuf, um salafista que pregava a criação de uma república islâmica integrista no Norte da Nigéria e a ruptura completa com a cultura ocidental.

Borno, Adamawa e Yobe são os três estados onde o Boko Haram se instalou e onde declarou o nascimento de um estado islâmico. Em 2013, o Presidente Jonathan declarou o estado de emergência nestes três territórios mas as forças militares e policiais foram incapazes de conter a progressão dos islamistas.

Ainda esta segunda-feira as Forças Armadas dos Camarões anunciaram que 480 soldados nigerianos entraram nos Camarões, fugindo dos homens do Boko Haram que estão a avançar na zona de Gamboru Ngala, junto à fronteira. Há notícias de se terem travado intensos combates na zona, tendo as tropas nigerianas ficado em desvantagem, o que levou à fuga dos soldados.

Não se sabe se o Boko Haram tem algum tipo de ligação ao Estado Islâmico, que controla um território do tamanho do Reino Unido entre o Iraque e a Síria (onde proclamou um califado), sabe-se apenas que em vídeos divulgados recentemente o líder, Abubakar Shekau, se refere ao EI, congratulando-se com as suas conquistas.

 

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