o Futuro

Correndo o risco de parecermos preconceituosos - e já explicamos porque é que não o estamos a ser - o segundo filme da americana Miranda July é uma espécie de “concentrado de xoninhice” à volta do tema de crescer e assumir as responsabilidades numa geração demasiado agarrada aos gadgets e à afirmação da personalidade, representada por um casal de Los Angeles que, antes de receber em casa um gato doente, tira um mês para viver como se não houvesse amanhã. July tem mais ideias por metro quadrado do que quase toda a concorrência, algumas delas bastante boas, e tudo estaria bem se não as concretizasse com uma total ausência de estilo, transformando o que se pretende surrealismo excêntrico em patetice arreganhada sem encanto nem atracção.


Há pelo meio de O Futuro flashes de um filme interessante, um desespero latente que lhe empresta uma estranheza inexplicável, tudo afogado na sensação de estarmos a ver uma experiência multimedia de uma cineasta diletante que está a improvisar à nossa frente. Há casos em que isso resulta. O Futuro, passo atrás em relação à estreia Eu, Tu e Todos os que Conhecemos, não é um deles.

Sugerir correcção
Comentar