Um repórter de sucesso encontra uma saída da sua "gaiola dourada", trocando de identidades com um morto do qual pouco ou nada sabe; depois de um momento de absoluta libertação de expectativas e responsabilidades, compreende que apenas assumiu outras das quais nada compreende, e que por mais que tente é impossível fugir de si mesmo.

"Profissão: Repórter", falso "thriller" em surreal e onírica câmara lenta, é a história de uma fuga para a frente que na realidade nunca sai do mesmo lugar, consubstanciada num "road movie" distendido e letárgico, filmado com desapaixonada (e contudo apaixonante) e paciente minúcia, interpretado por um magistral Jack Nicholson em invulgar serenidade e por uma magnética Maria Schneider. É um dos filmes maiores de mestre Antonioni, que o considerava a sua obra mais conseguida - e que se mantém, 30 anos depois de ter estreado, um objecto sedutoramente esfíngico, uma obra-prima esquecida.