Um filme para usufruir e admirar

Serve, primeiro, para confirmar Soderbergh como um caso único da indústria americana: um artesão/autor, daquela espécie que acabou com o final do classicismo hollywoodiano. Depois, é um filme de uma perfeita inutilidade - no sentido mais prazenteiro do termo, é um filme para usufruir e admirar. Clooney, Pitt, Damon, Don Cheadle ou Andy Garcia são, é claro, a versão limpinha da "rat pack" (Sinatra, Peter Lawford, Dean Martin, etc.), o que quer dizer que enquanto nos anos 60 um grupo de homens fez um filme no intervalo das suas bebedeiras (o primeiro "Ocean's Eleven"), agora um grupo de actores que faz do "cool" a sua profissão mostra que não brinca em serviço. É isso, talvez, que frustra um pouco neste "remake": estão todos (Soderbergh, sobretudo) tão ocupados com a classe, com o bom gosto, que às vezes passa a oportunidade do júbilo. Soderbergh é um cineasta cerebral; falta-lhe um pouco de megalomania e sentido operático, aquilo que sobra em Paul Thomas Anderson, por exemplo.

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