Uma via sacra existencialista

Como realizador - vá lá, como "artista"... - Sean Penn quer colocar-se no degrau dos "insubmissos" que são, ou foram, seus amigos, de Bukowski a Dennis Hopper, passando pela referência decisiva, quase figura paterna, que foi John Cassavetes. Ou seja, é a lista de uma hipótese de rebeldia americana. Os franceses, sobretudo, adoram isso - quando os americanos desatam a "fazer à europeia", porque para eles é "fazer à francesa" - de tal modo que estão a receber "A Promessa" com os gritos de "autor, autor!". Penn, de facto, quer deixar as suas marcas, mas... Um polícia na reforma (Nicholson) adia o seu afastamento quando é encontrado o cadáver de uma menina e ele promete à mãe da vítima que vai descobrir o violador e o assassino. Não vai ser um "quem matou?", isso salta à vista. Penn satura os planos de histerização "lírica", para assinalar que não interessa o assassino mas o inquiridor; e que não é "thriller", mas uma via sacra existencialista, um filme sobre a Moral e o Destino (Nicholson, em nome do Bem, anda perto de causar o Mal...). A rimar com este clima de incontinência poética, estão actores à solta, cada um fazendo o seu número.

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