Hilary e Jackie

É a oportunidade para Emily Watson, depois de "Ondas de Paixão", voltar a fechar-se no mundo inacessível da estranheza ao interpretar a violoncelista Jacqueline Du Pré em "Hilary e Jackie" ? a fulgurante carreira de Du Pré terminou abruptamente aos 27 anos quando lhe foi diagnosticada uma esclerose múltipla; deu o último concerto em 1972 e morreu na década de 80. Uma biografia publicada há dois anos, "A Genius in the Family", escrita pela irmã Hilary, veio iluminar a vida privada de Jacqueline: a relação com o pianista Daniel Barenboim, a rivalidade e o afecto entre as duas irmãs e um pedaço de "fait divers" que foi o "affair" entre Jackie e o marido da irmã. O filme tem um ponto de partida curioso: recriar os anos 60, a "swinging London", como cenário de fábula, carregando a iconografia e as cores para estilhaçar o docudrama. Mas falta talento a Anand Tucker, o realizador, para insuflar esse gesto e para sustentar o destemido "número" de Emily Watson, sozinha com o seu violoncelo como se estivesse num exorcismo tribal.

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