ONU concluiu que houve pelo menos cinco ataques químicos na Síria em 2013

Relatório revela que, além do ataque de Ghutta, a 21 de Agosto, foram encontrados indícios que corroboram suspeitas de que gás sarin foi usado em quatro outras ocasiões.

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As Nações Unidas dizem ter encontrado indícios de pelo menos cinco ataques com armas químicas na Síria durante este ano. Além de Ghutta, onde há “provas convincentes” de que centenas de pessoas foram envenenadas com gás sarin, a 21 de Agosto, o relatório agora divulgado refere que os inspectores concluíram que o agente neurotóxico foi “provavelmente usado” em quatro outros locais.

A ONU, que contou com o apoio técnico da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ), não tinha mandato para investigar a autoria dos ataques e nada é dito sobre isso nas 82 páginas do relatório final da missão, que será entregue nesta sexta-feira ao Conselho de Segurança.

Confirmando os dados do relatório preliminar, divulgado em Setembro, os peritos dizem ter “recolhido provas claras e convincentes de que foram usadas armas químicas contra civis, incluindo crianças, em larga escala, na região de Ghutta”, um subúrbios a leste da capital síria. O ataque, que segundo algumas fontes poderá ter feito mais de mil mortos, aconteceu pouco depois de uma equipa de peritos ter chegado a Damasco para investigar denúncias de ataques anteriores, o que acabou por mudar o rumo da missão. Autorizados a visitar o local poucos dias depois, os inspectores conseguiram encontrar a origem da contaminação: rockets que continham vestígios de sarin.

Só semanas mais tarde os peritos voltaram à Síria e puderam visitar outros seis locais onde havia suspeitas – quer da oposição, quer do Governo – sobre o uso de armas químicas. Os peritos dizem agora ter encontrado “provas consistentes” que “corroboram” essa suspeita em Khan al-Assad, localidade na província de Alepo onde a 19 de Março 16 pessoas morreram com sintomas de envenenamento por sarin. Ataques semelhantes terão acontecido, ainda que em menor escala, em Saraqueb (Idlib), a 29 de Abril, em Jobar (Damasco) a 24 de Agosto e, no dia seguinte, em Ashrafiah Sahnaya (Sul). Em contrapartida, os peritos não encontraram qualquer sinal da utilização destes tóxicos em Bahariyeh (Damasco) e Sheik Maqsood (Alepo).

Inspectores não visitaram locais atingidos
Os inspectores sublinham, porém, que o tempo passado desde os ataques afectou a qualidade das perícias técnicas e o facto de não terem conseguido, por razões de segurança, visitar a maioria dos locais atingidos impediu-os de chegarem a conclusões mais definitivas – não foi possível identificar a origem da contaminação, nem estabelecer a sequência de acontecimentos.

A onda de indignação que se seguiu ao ataque de Ghutta, o pior dos últimos 25 anos, levou os Estados Unidos a ameaçar lançar um ataque punitivo contra a Síria – acção suspensa na sequência de um acordo com a Rússia, que convenceu o regime de Bashar al-Assad a destruir a totalidade do seu arsenal químico.

Seguindo um calendário definido na resolução aprovada em Setembro pelo Conselho de Segurança, a Síria selou já todas as unidades que integravam este programa militar e destruiu, sob a supervisão da OPAQ, o equipamento usado para o fabrico de armas químicas. O plano prevê agora que a totalidade das 1300 toneladas de armas químicas (sobretudo gás mostarda e sarin) seja levada para fora do país até 5 de Fevereiro; as mais perigosas devem ser retiradas até ao final do ano. A guerra civil impede a sua destruição em território sírio e, à falta de um país que aceite receber os tóxicos, parte das armas será destruída a bordo de um navio norte-americano especialmente preparado para o efeito.
 
 

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