Com medo de uma inundação, o Louvre vai transferir as suas reservas para Lens

A ministra da Cultura Aurélie Filippetti anunciou na semana passada que será construído um novo “centro de reservas” nas proximidades do Louvre de Lens. Ainda não é uma data para o início deste projecto.

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O Museu do Louvre tem já algumas das obras embaladas de forma a estarem protegidas Daniel Rocha

São milhares de obras de arte e outros objectos e documentos valiosos que vão ser transferidos do armazém subterrâneo do Museu do Louvre, em Paris, para novas instalações no norte de França, que deverão ficar perto da extensão do museu em Lens, que abriu há menos de um ano. A operação é já considerada uma das maiores deslocações de obras de arte em território francês desde a Segunda Guerra Mundial. E tudo porque o armazém actual não dá garantias de segurança em caso de inundação.

O problema das cheias do Sena é quase uma eterna questão para o pessoal do Museu do Louvre, o mais visitado do mundo, que há muito tempo deseja criar um grande espaço para as suas reservas. Há muito que se sabe que, se as águas do Sena subirem de nível significativamente, o armazém que fica no subsolo do museu será gravemente afectado, podendo então perderem-se para sempre importantes obras de arte.

Para se ter uma ideia da quantidade de esculturas, pinturas, desenhos, livros, entre outros objectos, que o Louvre tem guardados nas suas reservas, bastar perceber que da vasta colecção composta por 460 mil obras, apenas  35 mil estão actualmente expostas ao público.

Depois de anos de debate, a ministra da Cultura Aurélie Filippetti anunciou finalmente na semana passada que será construído um novo “centro de reservas” nas proximidades do Louvre-Lens. A decisão surge depois do ministério da Cultura ter assinado um acordo de colaboração com o museu-mãe e com o governo regional do Nord-Pas-de-Calais, região à qual Lens pertence.

Este novo projecto, segundo explicou em entrevista ao jornal regional La Voix du Nord o novo director do Louvre, Jean-Luc Martinez, será mais do que “um simples armazém”. “Vai ser um lugar acolhedor para investigadores, profissionais dos museus e talvez para o público”, disse, revelando que a obra deste espaço, que deverá “ter uma superfície disponível de 23 mil metros quadrados”, está avaliada em 60 milhões de euros.

De acordo com a imprensa francesa, metade deste montante será financiado pelo governo regional de Nord-Pas-de-Calais, enquanto os restantes 30 milhões serão da responsabilidade do Louvre, que deverá recorrer às dotações do Louvre-Abu Dhabi.

Ainda não há uma data para o início deste projecto, nem se sabe quantas e quais as obras que serão transferidas.

Em 2009, o então ministro da Cultura aprovou um projecto que previa a construção de um armazém em Cergy-Pontoise, a 30 km de Paris. A ideia era que o armazém fosse partilhado pelos três museus que correm o risco de perderem parte das suas colecções em caso de inundação, ou seja, além do Louvre, o Musée d’Orsay e o Quai Branly. No entanto, a ideia foi posta de lado devido aos custos elevados.

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