O Partido Pirata é um vírus no sistema político da Alemanha

Um mosaico de militantes do Partido Pirata mostra a diversidade em torno de um objectivo: uma Alemanha e um mundo diferentes
Fotogaleria
Um mosaico de militantes do Partido Pirata mostra a diversidade em torno de um objectivo: uma Alemanha e um mundo diferentes Foto: Angelika Warmuth/AFP
A liberdade na Internet é um dos princípios basilares defendidos pelo partido, que tem 25.000 militantes
Fotogaleria
A liberdade na Internet é um dos princípios basilares defendidos pelo partido, que tem 25.000 militantes Foto: Angelika Warmuth/AFP
Marina Weisband, secretária-geral do partido que tem registado muitas simpatias na Alemanha
Fotogaleria
Marina Weisband, secretária-geral do partido que tem registado muitas simpatias na Alemanha Foto: Fabian Bimmer/Reuters

Há um partido na Alemanha que desafia toda a lógica partidária instituída na Europa. Não está interessado em discutir a crise da dívida nem as intervenções militares no estrangeiro, mas pode tornar-se este ano numa das maiores forças políticas do país. O Partido Pirata alemão não foi o primeiro nem é o único a defender causas como a liberdade total na Internet e a transparência absoluta nas decisões políticas, mas os mais de 1300 militantes reunidos neste fim-de-semana em congresso em Neumünster, no norte do país, são um sinal do descontentamento de muitos cidadãos em relação aos partidos tradicionais.

O especialista em ciência política Alexander Hensel, do Instituto Goettingen para a Investigação sobre Democracia, considera que “muitas pessoas votam no Partido Pirata em sinal de protesto. Não é uma reacção contra a democracia, mas baseia-se no descontentamento com o funcionamento dos partidos estabelecidos”, cita a Associated Press.

O fenómeno do crescimento do Partido Pirata da Alemanha, que conta com 25.000 membros — nenhum deles político profissional — tem provocado várias reacções, nem todas favoráveis à ideia romântica de um mundo mais livre e transparente associada a este movimento, originado com a fundação do Partido Pirata da Suécia, em 2006.

O congresso deste fim-de-semana está a ser marcado por acusações de que o partido não tem conseguido lidar com a alegada infiltração da extrema-direita, o que pode ter algum impacto nas eleições de Maio nos estados da Renânia do Norte-Vestfália e Schleswig-Holstein, onde as sondagens apontam para uma votação na ordem dos 9%. Este resultado será suficiente para juntar mais dois assentos aos que o partido já detém em Berlim e Saarland.

A polémica sobre as tendências de extrema-direita de alguns dos seus militantes começou com a publicação no Facebook de queixas sobre a atribuição de subsídios a organizações judaicas, mas o momento mais marcante foi uma declaração de Martin Delius, um dos líderes do partido em Berlim: “O crescimento do Partido Pirata alemão é semelhante ao do Partido Nazi entre 1928 e 1933”, disse Delius numa entrevista à revista Der Spiegel. Outros destacados líderes do Partido Pirata, como Marina Weisband, consideram que a polémica só existe porque o partido mais à esquerda no Parlamento alemão, o Die Link, se vê ameaçado pelas mais recentes sondagens, tendo colocado cartazes nas imediações do congresso com a frase “Não dê o seu voto aos nazis”.

O especialista em ciência política Alexander Hensel considera que os problemas do Partido Pirata da Alemanha decorrem do seu próprio crescimento e antecipa o rumo que os militantes devem tomar : “O partido está a crescer de uma forma gigantesca. A integração de tantos novos membros deixa-o sob grande pressão em termos organizacionais. Precisam de criar estruturas adequadas e avançar para uma liderança mais profissional”.

Sugerir correcção
Comentar