Berlusconi absolvido por prescrição de delito de corrupção

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O tribunal optou pela prescrição Alessandro Bianchi/Reuters

Um tribunal de Milão declarou prescrito o delito de corrupção de testemunha de que era acusado o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi num dos múltiplos processos que enfrenta. Continua assim o seu longo percurso de "invulnerabilidade" a condenações judiciais.

O “Cavaliere” era acusado de ter comprado, por 600 mil dólares, o falso testemunho do seu ex-advogado Stuart Mills, que foi por sua vez já condenado noutro processo. Em causa, para Berlusconi, estavam processos que datam dos anos 1990. O Ministério Público de Milão pedia cinco anos de prisão para o antigo primeiro-ministro, enquanto a defesa pedia absolvição ou a prescrição do processo.

Stuart Mills tinha sido condenado, em primeira instância, em Fevereiro de 2009, a quatro anos e meio de prisão, uma pena confirmada no recurso antes de ser declarada a prescrição do caso em Fevereiro de 2010. Este advogado britânico foi o criador do sistema offshore utilizado pela Fininvest e deu-se como provado que falsificou documentos a favor do grupo de Berlusconi.

Há interpretações contraditórias sobre o desfecho deste julgamento.

O facto de os juízes não terem simplesmente absolvido Berlusconi, e terem antes preferido a via da prescrição dos crimes, quererá dizer que não existiriam condições para inocentar o ex-primeiro-ministro das acusações que lhe eram feitas, diz o jornal “Corriere della Sera”, seguindo uma das linhas de interpretação deste desfecho.

A interpretação alternativa, a dos fiéis de Berlusconi, é a de que este julgamento pode marcar o fim do "encarniçamento judicial" contra o ex-primeiro-ministro. "É um veredicto inútil, sentimos o azedume. A todos os que se ocupam da justiça, dizemos uma coisa: não é preciso gastarem o vosso tempo com processos mortos", exclamou Angelino Alfano, secretário-geral do Povo da Liberdade, o partido de Berlusconi.

Depois de se ter retirado cerca de três horas para a câmara do conselho, a juíza Francesca Vitale demorou menos de um minuto a anunciar a prescrição, numa sala cheia de jornalistas.

O procurador do Ministério Público, Fabio de Pasquale, não disfarçou o semblante carregado e declarou: “Só me quero ir embora. O que acontece não se pode nem comentar."

Mas este é apenas um de vários casos judiciais em que está envolvido Berlusconi. Ainda há casos a decorrer, mas o ex.primeiro-ministro tem conseguido sempre ser absolvido ou tem visto os casos prescrever.

Notícia actualizada às 16h42
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