Comunidade reage criticamente à decisão "climática" de Bush

Foto
O presidente norte-americano é acusado de pôr em causa os principais especialistas sobre clima EPA

O presidente norte-americano George W. Bush não irá reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2), voltando atrás nas suas promessas eleitorais. Respondendo às críticas desta decisão, emitidas pela comunidade internacional, a Casa Branca limitou-se a reafirmar a posição do presidente.

De acordo com o que escreveu numa carta enviada recentemente ao senador Chuck Hagel, George W. Bush considera que o CO2 não é um poluente, segundo a lei da qualidade do ar. O presidente chegou a reafirmar a sua oposição ao protocolo de Quioto, sobre alterações climáticas, defendendo que era "injusto e ineficaz" e que seria "um duro golpe para a economia americana". Interrogada sobre as críticas suscitadas pela decisão de Bush, a Casa Branca limitou-se a reafirmar a nova posição do presidente.
Segundo a porta-voz Claire Buchan, Bush irá tomar "uma estratégia de redução de outros três poluentes: dióxido sulfúrico, monóxido de azoto e mercúrio e está disposto a examinar questões importantes ligadas ao efeito de estufa com os nossos aliados", informou a AFP.
A nova decisão de Bush foi ontem condenada pela ministra francesa do Ambiente, Dominique Voynet.
A Carta do presidente norte-americano sobre a questão do clima "constitui uma grave renúncia ao protocolo de Quioto enquanto que a pedido do vosso país, a retoma das negociações foi adiada", escreveu Voynet à sua homóloga americana Christine Todd Whitman, directora da Agência de Protecção do Ambiente (EPA) e ao seu homólogo sueco Kjell Larsson.
"Os Estados Unidos, principal país emissor de gases com efeito de estufa, demitiram-se das responsabilidades, ao colocarem em causa um acordo aprovado unanimemente pela comunidade internacional no combate às alterações climáticas", continuou a ministra.
Na sua carta a Larsson, Voynet escreveu que "face a esta grave situação", a UE "deverá reagir rápida e vigorosamente para exigir propostas ao Governo americano e chamar Bush às responsabilidades".

Norte-americanos também contestam

Também os senadores democratas norte americanos criticaram a decisão do presidente.Hillary Clinton sublinhou que essa decisão teria graves repercussões sobre o plano internacional e que "dava a todos os outros países uma licença para poluir".
"Estou terrivelmente desiludido", lamentou o número dois democrata do Senado, Harry Reid, acusando o presidente Bush de não ter "respeitado a sua palavra".
"Foram precisos apenas 60 dias para o presidente Bush voltar atrás na promessa mais explícita da sua campanha eleitoral", afirmou Philip Clapp, presidente da organização National Environmental Trust.
"Esta tomada de posição rejeita o julgamento dos principais especialistas do Mundo sobre o clima", afirmou Fred Krupp, presidente do grupo Environmental Defense.
Em todo o caso, acrescentou Philip Clapp, "torna-se claro, com esta decisão, que a indústria petrolífera pode persuadir o presidente de abandonar as promessas feitas aos americanos".
O vice-presidente Dick Cheney justificou ontem esta renúncia explicando que prometer uma regulamentação das taxas de CO2 "foi um erro" dada a crise energética que atravessa os Estados Unidos e os elevados preços da energia.
O dióxido de carbono é lançado em grandes quantidades pelas centrais eléctricas que utilizam combustíveis fósseis como o carvão.

Sugerir correcção
Comentar