Madeira: BE e PCP preocupados com durabilidade do acordo e agravar de “injustiças sociais”

A coligação PSD/CDS ganhou as eleições legislativas, mas faltou-lhe um deputado para ter a maioria absoluta, tendo anunciado um acordo de incidência parlamentar com o PAN, que elegeu um deputado.

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Foi fechado um acordo de incidência parlamentar entre o PAN e o PSD LUSA/HOMEM DE GOUVEIA

O deputado do Bloco de Esquerda (BE) eleito no passado domingo para a Assembleia da Madeira manifestou esta quarta-feira preocupação em relação à durabilidade do acordo de incidência parlamentar assinado pela coligação PSD/CDS-PP e o PAN. Já o deputado regional do PCP considerou que o entendimento celebrado entre os partidos permitirá agravar injustiças sociais.

"Naturalmente, o senhor representante da República perguntou-nos quem é que devia convidar para formar Governo", disse Roberto Almada, depois de ser ouvido pelo juiz conselheiro Ireneu Barreto, no Palácio de São Lourenço, no Funchal.

O BE foi o primeiro partido a ser ouvido pelo representante da República na Madeira, que esta quarta-feira está a receber os partidos políticos que conseguiram representação parlamentar, antes de convidar a coligação de direita a formar o executivo regional.

Segundo o deputado, o BE transmitiu que, "naturalmente, o partido que venceu as eleições deve ser convidado a formar Governo". Contudo, acrescentou, o partido também manifestou "preocupações relativamente à situação em que será formado esse Governo".

"Parece que vai haver um acordo de incidência parlamentar. Manifestámos a nossa preocupação relativamente à durabilidade desse acordo", salientou o deputado, que regressa ao parlamento madeirense.

Roberto Almada argumentou ainda: "Se funcionar e tivermos uma legislatura de quatro anos sem haver problemas, melhor para a Madeira e para os madeirenses, desde que o Governo regional mude também as políticas, desde que vá ao encontro da resolução dos problemas dos madeirenses e dos porto-santenses".

"E só temos a dizer aos eleitores do Bloco de Esquerda e a outros eleitores que não votaram no Bloco de Esquerda que, se estiverem desiludidos, aqui têm uma esquerda que defende também os direitos dos animais, aqui têm uma esquerda que defende os direitos LGBTI, aqui têm uma esquerda que defende a natureza e que é eco socialista", declarou.

O deputado referiu ainda que o facto de o BE ter feito parte de uma solução parecida na República "não é contraditório". "Houve acordos firmados com partidos e com propostas concretas e com um caderno reivindicativo muito extenso. Não quatro, cinco ou dez propostas que nos parecem muito fáceis de comprar", realçou, numa referência às dez exigências feitas pelo PAN à coligação PSD/CDS-PP.

Roberto Almada destacou o facto de o partido ter recuperado a representação parlamentar, "após muito trabalho", depois de quatro anos de ausência do hemiciclo.

PCP diz que Madeira pode ficar "pior"

Pelo PCP, o deputado eleito para a Assembleia Legislativa da Madeira, Edgar Silva, considerou que o acordo de incidência parlamentar permitirá agravar as injustiças sociais. "Lamentavelmente, o que agora está em curso é todo um processo para intensificar processos de agravamento das injustiças sociais que já são enormíssimas na Madeira. Estão a reunir-se condições para intensificar um processo de agravamento das desigualdades que são escandalosamente gritantes", afirmou.

O deputado do PCP e coordenador regional do partido reconheceu que a coligação PSD/CDS-PP tem "legitimidade para formar governo", mas alertou que "o que aí vem pode ser ainda pior do que estava". "Esta composição, quer pela via do Governo, quer com as incidências parlamentares de acordo, é para intensificar todos os processos de agressão ambiental, de especulação imobiliária, de ocupação do litoral, as agressões ambientais e todos os processos de intensificação da exploração e da injustiça social", considerou.

Edgar Silva sublinhou, por isso, a necessidade de a oposição no parlamento regional ser "ainda mais contundente" e "exigente" no combate às injustiças sociais. "É preciso encontrar energias renovadas, mais força para um combate que vai ser muito exigente", reforçou.

A coligação PSD/CDS-PP venceu no domingo as legislativas regionais, mas ficou a um deputado da maioria absoluta, tendo sido anunciado na terça-feira um acordo de incidência parlamentar com o PAN, que conseguiu um mandato.

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