PSD diz que Governo PS está “refém da troika da esquerda” no orçamento

Duarte Marques (PSD) acusou o PS de aumentar a dívida e usar o Banif como “biombo da incompetência” do Executivo; João Galamba (PS) garantiu que os compromissos internos e externos “vão ser cumpridos”.

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Para Duarte Marques, o “desnorte do Governo” está “à vista de todos” Foto: Daniel Rocha

Para o deputado social-democrata Duarte Marques, todas as reversões que o Governo e os grupos parlamentares da esquerda têm aprovado nos últimos dois meses mostram que o PS está “refém da troika da esquerda” e será “obrigado a aumentar os limites da dívida”.

“Passados cinco anos sobre a crise que virou as nossas vidas do avesso — e de novo com o PS no Governo — Portugal volta a preocupar a Europa e a ser notícia lá fora pelas piores razões”, apontou o social-democrata numa declaração política no plenário desta quinta-feira. Lembrou que o primeiro-ministro admitiu há dias que as negociações com Bruxelas estão a “ser difíceis” e “ontem, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins ameaçaram António Costa na praça pública, confirmando que as promessas eleitorais e o acordo de Governo nunca couberam no Tratado Orçamental”.

Duarte Marques disse que o “desnorte do Governo” está “à vista de todos” e que a política dos socialistas baseia-se em “andar para trás” e no “dá-se primeiro, faz-se contas depois e, no fim, tira-se tudo”. O deputado social-democrata marcou a fasquia: “Ao Governo de António Costa compete apresentar, finalmente, um orçamento que não comprometa o futuro de Portugal e que não force um novo resgate.”

Sobre o défice, Duarte Marques afirmou que a estratégia do PS é “usar o Banif como biombo da incompetência do Governo” e acrescentou que “não é o Banif que obriga o Governo a ir aos mercados contrair mais 11 mil milhões de dívida pública — é o resgate a pagar ao PCP e BE pelo acordo para poder ser Governo”.

O socialista João Galamba garantiu que o Governo “não faz nenhuma genuflexão”, seja a outros partidos, seja às instâncias europeias, e que “cumprirá todos os seus compromissos internos e externos”. Sobre o fim dos exames e a crítica do “facilitismo”, devolveu: “Então toda a europa é facilitista. O que fizemos foi alinhar com a prática europeia: não há nenhum país que faça exames na 4.ª classe.”

Se as negociações são difíceis com Bruxelas é porque o Governo tenta negociar com os credores em vez de aceitar tudo o que a Europa impõe, justificou Galamba que afirmou ainda que o Executivo precisa de dinheiro para corrigir as contas erradas da direita, para repor os buracos deixados pela falta da venda do Novo Banco, que a equipa de Passos Coelho previra nas contas como um encaixe de 3,9 mil milhões de euros, e do Banif, que o actual Governo teve de resolver com nova injecção de dinheiro público.

Provocatoriamente, a deputada Cecília Meireles perguntou pelo orçamento e se o Governo vai dar conhecimento primeiro a Bruxelas ou aos portugueses, como criticava à direita.

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