Homem do gravador é um dos novos arguidos do caso BES/GES

José Castella, Cláudia Boal de Faria e Pedro Luís Costa também foram indiciados por crimes económico-financeiros

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A responsável da KPMG em Portugal negou nesta quarta-feira a existência de restrições à informação prestada ao auditor pelo Banco Espírito Santo (BES) e reconheceu que as duas operações envolvendo a sociedade suíça Eurofin e as cartas de conforto assinada Rita Chantre

José Castella é um dos novos arguidos do caso que colocou Ricardo Salgado em prisão domiciliária desde sábado de madrugada. Por ser ele quem registava em audio as reuniões do conselho superior do Grupo Espírito Santo (GES), sem que a maioria dos presentes soubesse, o controller financeiro tornou-se conhecido como o homem do gravador.

Os termos em que surge mencionado no relatório da comissão parlamentar de inquérito ao Banco Espírito Santo dão uma ideia sobre o seu papel no universo do grupo: "Atendendo ainda ao estilo de gestão vigente no GES, à centralização de conhecimentos e responsabilidades em torno da figura de Ricardo Salgado, nomeadamente ao nível de uma gestão centralizada de tesouraria, ainda que não assumida pelo próprio, praticada conjuntamente com José Castella, considera-se provável que Ricardo Salgado tenha estado envolvido na tomada de decisão de manipulação intencional das contas da Espírito Santo Internacional desde 2008, ainda que o seu depoimento aponte em sentido contrário, o mesmo sucedendo, ainda que porventura com graus variáveis de detalhe, relativamente a José Castella."

A antiga directora do departamento de gestão de poupança do Banco Espírito Santo Cláudia Boal de Faria e Pedro Luís Costa, que administrava a Espírito Santo Activos Financeiros, completam até ao momento o rol de arguidos do processo, no qual já tinham sido indiciados, em Novembro passado, Isabel Almeida e António Soares, respectivamente directora do departamento financeiro, de mercados e estudos do BES e administrador da seguradora BES Vida. Todos os cinco nomes, juntamente com o de Ricardo Salgado, foram confirmados pela Procuradoria-Geral da República.

O caso envolve suspeitas de falsificação, falsificação informática, burla qualificada, abuso de confiança, fraude fiscal, corrupção no sector privado e branqueamento de capitais. 

O presidente do BCP, Nuno Amado, não se quis alongar esta segunda-feira em comentários sobre os recentes desenvolvimentos do caso BES/GES: "Não tenho que comentar, é um tema de Justiça, que tem que funcionar", afirmou este responsável durante a apresentação de resultados do banco no primeiro semestre. E realçou, citado pela agência Lusa: "O sistema bancário e o BCP em particular também vão ser afectados pelo processo através do mecanismo de resolução. Não vale a pena especular, é preciso esperar".

Por esclarecer continuam as razões pelas quais o juiz de instrução criminal Carlos Alexandre não aplicou a pulseira electrónica a Ricardo Salgado, que está a ser vigiado por agentes da PSP à porta da sua propriedade em Cascais. A opção pela vigilância policial acarreta custos muito superiores aos da pulseira, tendo dois sindicatos da PSP criticado já também o número de agentes envolvidos. "Retira-se polícias para fazer vigilância à residência de Salgado. Isto é reduzir a qualidade prestada aos cidadãos", observou o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, Paulo Rodrigues.

Certo é que, naquele que não é o seu primeiro desentendimento com o Ministério Público nos casos onde figura Ricardo Salgado, Carlos Alexandre foi mais além do que lhe tinham proposto os procuradores encarregues do caso, que entendiam que não era necessário manter o arguido em cativeiro, bastando apenas que fosse proibido de se ausentar do país e de contactar com algumas pessoas. Queriam ainda transferir a caução de três milhões prestada pelo banqueiro no processo Monte Branco para o processo BES/GES. 


 


 


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