Por que é que há taxas de juro negativas?

Falta de opções nos activos sem risco empurra investidores para activos que não geram rendimentos.

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Nos mercados, a conjuntura é de taxas de juro historicamente baixas Foto: Patrícia de Melo Moreira/AFP

Um grande investidor dos mercados internacionais tem na sua carteira activos com diversos níveis de risco. Os activos com mais risco têm rendimentos potenciais mais elevados, embora incertos. Os activos menos arriscados prometem rendibilidades mais baixas mas menos certas. Em geral, nenhum investidor pode abdicar totalmente de uns e de outros, sendo que para alguns tipos de investidores existe mesmo a exigência de colocarem a maior parte do seu dinheiro em activos com risco nulo ou muito reduzido.

O problema na actual conjuntura de taxas de juro historicamente baixas nos principais blocos económicos mundiais é que, para um activo de risco quase nulo, a rendibilidade que se pode obter é também ela muito reduzida, ou mesmo negativa.

É o caso dos títulos de dívida pública dos países desenvolvidos, que tradicionalmente são vistos como dos que menos risco têm. Se um investidor os quiser comprar, tem muita dificuldade neste momento em obter taxas de juro positivas, principalmente nos prazos mais curtos. Se comprar bilhetes de tesouro alemães, as taxas são ainda mais negativas que as de Espanha, que por sua vez são mais negativas que as de Portugal. Para conseguir obter taxas de juro positivas, tem forçosamente de correr riscos, como por exemplo comprar dívida grega, mesmo que de curto prazo.

E por que não guardar dinheiro e não o investir? Para os grandes investidores, ficar com o dinheiro debaixo do colchão não é uma hipótese. E numa altura em que qualquer excedente de tesouraria nos bancos da zona euro significa pagar taxas de juro de 0,2% ao BCE, também não é forçosamente mais atractivo aplicar o dinheiro em depósitos. É que, em comparação, os títulos de dívida pública ainda podem, caso as taxas de juro continuem a descer, ganhar valor e ser vendidas a outros investidores.

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